terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Mudamos

Caro leitor,

O Blog mudou de endereço.

Ano novo, casa nova.

E Na casa nova, novo visual, novas funções, mas o mesmo jeito de falar sobre cinema.

Visite http://ocinematico.wordpress.com/

Um Abraço e seja bem vindo!!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O Melhor de 2014

O ano de 2014 acabou.

Um ano com muita coisa boa nos cinemas. É claro que não dá para assistir a tudo o que se quer ver, seja por tempo, seja por pouca distribuição ou até mesmo por localização.

Mas do que vi e gostei, aqui estão os meus 10 filmes preferidos, dos que foram lançados no Brasil no ano passado.



10
Locke


Muito mais do que um homem dirigindo e falando ao telefone.



09
Nebraska


Um sensacional road movie. A melhor surpresa de 2014.





08


Não assista com fome.



07
Garota Exemplar



Você não sabe em quem acreditar.



06


Um quebra-cabeça de torcer o cérebro.




05


Só os Irmãos Coen poderiam realizar este filme.




04


Wes Anderson apresenta seu mais meticuloso filme.




03

"Tudo é Incrível"



02
O Abutre



Um Homem que se satisfaz com o seu desastre.




01


Um filme magnífico precisa de 12 anos para ficar pronto.





Menções Honrosas:

Marvel
2014 trouxe os dois melhores filmes da marca até agora: Guardiões da Galáxia e Capitão América 2.

Interestelar
Christopher Nolan foi para o espaço.

Ela
Spike Jonze conta muito mais do que um simples romance entre um homem e seu celular.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Mau Inteligente.

Ele tem uma câmera na mão. E algumas idéias erradas na cabeça.

O Abutre
(Nightcrawler; EUA, 2014)
Dir.: Dan Gilroy
Com Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton, Riz Ahmed
1h57min - Suspense - 14 Anos


Um bom vilão, é um vilão inteligente.

O que usa sua capacidade intelectual para o mal. E que com ela, busca se beneficiar de uma certa oportunidade para benefício próprio, mesmo que algumas cabeças sejam cortadas no caminho. Bastaria um herói para dete-lo. Mas em "O Abutre", que tem muita coisa boa, não tem um mocinho para impedir o avanço desse protagonista. 

Em "O Abutre", esse protagonista é Louis Bloom, um vagabundo que vive de pequenos furtos e que procura um emprego fixo para obter melhor renda. Certo dia ao se deparar com um acidente de carro, percebe que pode fazer dinheiro fácil ao ver um homem filmando a tragédia para vender ao noticiário local. Com a câmera na mão, idéia na cabeça, conhecimento adquirido e um bom contato em um canal de TV, Louis começa a conquistar seu espaço em um lucrativo, porém, arriscado negócio.

Acho que daqui a cena fica melhor...
A grande discussão traçada pelo filme é sobre os limites éticos pessoais e profissionais que você está disposto a estabelecer para ganhar a vida. E Louis Bloom, personagem interpretado com maestria por Gyllenhaal (minha interpretação favorita do ano) parece não entender esse limite. Seu personagem se transforma, baseando-se nos cursos online que faz e negociando com frases prontas, vomitadas de livros teóricos que lê sobre os assuntos que precisa conhecer para atuar no meio. Seus métodos são extremamente técnicos e livres de qualquer tipo de empatia pelos outros, inclusive pelo seu empregado.

O roteiro extremamente bem escrito dosa essa evolução de Louis e o desenrolar natural da trama leva o espectador em uma caótica viagem pelas noites de Los Angeles para mostrar o pior lado do homem e coloca-lo como manchete no jornal da noite, por dar muito mais ibope e valorizar as carreiras profissionais dos envolvidos. Rene Russo, como a diretora do turno da noite é um excelente contraponto para o desenfreado Louis, que no momento certo a tem nas mãos.

"O Abutre" não é um filme de fácil digestão, tampouco leve de se ver.

Mas é facilmente um dos melhores do ano.


Busca Espacial

Christopher Nolan vai para o espaço.

Interestelar
(Interstellar; EUA, 2014)
Dir.: Christopher Nolan
Com Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, Jessica Chastain
2h46 min - Ficção - 10 Anos



Quando Christopher Nolan assina a direção de um filme, prepare-se para ver algo fora do comum.

Porque seus filmes jamais se atém apenas ao conteúdo principal. Suas tramas (escritas por ele e por seu irmão Jonathan) são ricas, densas e sempre apresentando riscos pessoais gigantescos aos seus personagens.

Em Interestelar, a regra continua, mas em maior escala: Cooper (McConaughey) é um ex-piloto, que teve que abandonar sua função e se tornar fazendeiro, devido à escassez de alimentos que o planeta enfrenta, depois que uma praga passou a dizimar plantações. E o diagnóstico não é dos mais promissores. A humanidade não sobreviveria além de duas gerações e a única saída é partir numa missão interestelar a fim de achar um novo planeta com condições de abrigar a população da Terra.

Vou sair para pesquisar planetas e já volto, ok?

Se você espera um filme sobre explorações espaciais com boas doses de ação e suspense, você encontrará um pouco disso aqui. As cenas que se passam no espaço são visualmente belíssimas e há muito o que se segurar na cadeira quando as coisas se complicam nas visitas a outros planetas.

Mas o filme não é apenas sobre isso. 

O filme é principalmente focado na relação de Cooper com a sua filha Murph, que abre caminho para a real discussão que Interestelar quer fazer: O quanto o "amor" e as relações afetivas pesam nas decisões pessoais ao realizar um trabalho por um bem maior. Essa discussão fica clara quando os personagens de McConaughey e Hathaway debatem na metade do filme sobre qual rumo tomar baseando-se em dados científicos ou em sentimentos.

Tempo, portanto, se torna o maior risco que a tripulação tem que enfrentar, especialmente quando a noção de tempo se estabelece de formas diferentes aos personagens. E esse talvez seja um dos grandes trunfos que o filme esconde. O fator que o tempo tem de peso na história fica muito claro. Os demais riscos são calmamente explicados na primeira hora de filme, fazendo com que o espectador não precise fazer tanta conta e consiga acompanhar a trama com a intensidade necessária.

Com atuações muito boas (destaque para as interpretações de vozes dos robôs TARS e CASE) e excluindo um momento descartável da trama, onde um ator conhecido aparece em um personagem que muda o curso do filme, Interestelar acaba por ser um bom filme com bons momentos, mas longe de ser o mais memorável dos momentos de Christopher Nolan nos cinemas.

O que, considerando o cineasta, jamais significaria ser um mau momento.