sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sobre o Além

ALÉM DA VIDA
(Hereafter; EUA, 2010)
Dir.: Clint Eastwood
Com Matt Damon, Cecille de France, Bryce Dallas Howard
2h10min - Drama - 14 Anos



Não gosto muito quando bons diretores, em certo ponto de sua vida, falam sobre mortalidade.

Perde-se um pouco o foco, das histórias como gostam de contar, para falar sobre o medo (ou não) de encerrar a carreira e a vida.

Clint Eastwood, foi um bom ator. Dono de frases clássicas, personagens fortes em filmes memoráveis.

Melhor que o ator, o produtor, o compositor, só mesmo o diretor.

Que trouxe filmes espetaculares.

"Sobre Meninos e Lobos", "Menina de Ouro", "As Pontes de Madison", entre tantos outros.

Mas, volta e meia, um bom diretor não consegue se desvencilhar de um roteiro ruim. E este filme, é um caso clássico.

"Além da Vida", traz três histórias, cujos personagens, de alguma forma, foram afetados pela morte.

Marie Lelay (Cécile de France), sobrevive a um Tsunami adrenalinesco e muito bem feito.

George (Matt Damon), fala com os mortos.

E Marcus (Frankie e George McLaren - as melhores expressões do filme), é um garoto tímido, que não só perdeu seu irmão gêmeo Jason, como foi afastado de sua mãe.

As histórias, logicamente, irão se cruzar.

E a câmera sempre segura, de Clint Eastwood, faz o tempo passar, contando com muita paciência, como isso ocorrerá.

Cabe ao espectador, retribuir com a mesma paciência.

"É uma moça, de capuz preto e uma foice..."

E é justamente aí, onde o filme se complica.

O filme vai intercalando trechos das histórias, para que, como se simultâneamente, acompanhássemos os personagens até o óbvio cruzamento.

E quando as histórias engrenam, pulamos para outra. E mais uns 20 minutos até ela voltar, não necessariamente onde parou. E começa tudo outra vez.

Essa falta de rítmo e o dramalhão, que consegue por pouco fugir da pieguiçe, faz com que "Além da Vida" não passe de um filme regular.

Não fala nada, e não conta uma história completa. Apenas trechos, sem clímax.

Há, no entanto, motivos que separam esse "Além da Vida" de um filme ruim. Clint Eastwood, é um deles, que não atua, mas dirige muito bem. A cena da cozinha, entre Matt Damon e Bryce Dallas Howard é o perfeito exemplo disso. A cena do Tsunami é outro.

E o fato de não apelar para nenhum tipo de mensagem religiosa, em qualquer nível.

Mas como ponto alto do filme (repito propositalmente), as interpretações dos gêmeos Frankie e George McLaren.

(Nota 7,0)

Trailer:

2 comentários:

André disse...

Achei um bom filme. E achei tambem que os meninos ainda nao sao bons atores. As falas pareciam meio automaticas quando eles conversavam entre eles.

Gostei de ver o blog de volta!

Juditegalves disse...

Ô louco ! Não gostou do "Além da Vida"?? Que terrível ! Adorei ! risos. Muito embora não acredite muito nessas coisas de "ver do lado de lá", achei interessante o ponto de vista e, como você mesmo disse, ele em nenhum momento dá nomes, ou rotula essa ou aquela crença. Se faz, ele é bastante sutil. Não gostei muito daquela francesa; (muito embora tenha adorado o cenário!) Achei que ela tinha uma experiência não tão intensa quanto a de Marcus e do próprio George, e no entanto, foi em torno dela que os personagens se encontraram. Aquela magrelinha que fez começou o curso de gastronomia dele sumiu da mesma maneira que entrou na trama: do nada. Quando a gente acha que o ele vai ajudá-la de alguma maneira a resolver seus traumas do passado, ela some. Fica um caso sem resposta. Mas adorei. Achei os meninos fantásticos também. O melhor foi a expressão de Marcus, que em minha opinião, é a mais difícil de se fazer: "a não-expressão", da pessoa que passa por uma dor que não consegue extravasar, de tão intensa. O garoto aparecia e se ouviam os suspiros no cinema risos.
Ah, claro: o tsunami! Que cena !A explosão do metrô também foi bastante chocante. Bjs! Potato.