domingo, 30 de novembro de 2008

Sem confiança

Para quem gostou de "A Bruxa de Blair"...

[•REC]
(ESP, 2007)
Dir.: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Com Manuela Velasco, Ferran Terraza, Jorge Serrano, Pablo Rosso
1h20 min - "Terror" - 18 anos

Não sou a sua fonte mais confiável para filmes de terror. Ao menos não devo ser. O que acontece? O que realmente te assusta ou me assusta? Será o "feio"? Será a proximidade com o real? Quando entro numa sala escura, para ver um filme de terror, não espero por um ou dois pulos na cadeira. Eu quero realmente me arrepiar. Me sentir inseguro na minha confortável poltrona e esquecer que tudo aquilo que estou presenciando é uma mera projeção de luz acompanhada por um audio de alta qualidade. Entrar de cabeça no filme. Mas aparentemente. Não devo ser a sua fonte mais confiável para lhe indicar um filme do gênero.

Tudo começa com uma equipe de reportagens acompanhando toda a rotina de uma brigada de bombeiros. Até que em meio ao que parecisa ser mais uma noite tediosa de um programa de televisão enfadonho, se transforma em puro "terror" (desculpe, não pude resistir...) quando respondem uma chamada em um prédio macabro no centro da cidade. 

"Sai da frente... Que nojo..."

A idéia é a mais nova verve do cinema de terror: Ação em primeira pessoa. Passado o fenômeno de Cloverfield e pegando onda no lançamento "Quarentena" (a versão americana),  colocar o espectador assistindo diretamete ações e reações de um dos personagens. E isso acaba por favorecer: Quando não queremos olhar para o que é "feio", a câmera fecha e o susto se torna inevitável, e quando queremos identificar alguma coisa, a câmera muda de ponto. Funciona como uma luva para prender o espectador. Outro ponto positivo a ser ressaltado no filme é a composição de cenário: A direção de arte está impecável, criando o edifício mais macabro do cinema atual. O resto... Bem, o resto é pura decepção: Atores chatos, história previsível, sustos antecipados. Na telona, pode te prender. Na telinha, será um desastre. Todo aquele "hype" com o teaser mostrando as reações aterrorizadas não refletem o que o filme foi. Mas novamente, esta é a minha opinião... De alguém que provavelmente, não deve ser a sua fonte mais confiável para indicar um filme de terror.

Nota 5,0

Trailer:


P.S.: Estou reconsiderando a classificação de gênero do filme "Cloverfield" para aventura. Porque Cloverfield além de tudo é divertido.

domingo, 23 de novembro de 2008

Fora do eixo

Um triângulo amoroso com a cara de Woody Allen

VICKY CRISTINA BARCELONA
(EUA/ESP, 2008)
Dir.:Woody Allen
Com Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz
1h36 min - Comédia - 12 anos 

Woody Allen não é para todos os gostos. Muitos, aliás, torcem o nariz para o cineasta. Mas Allen, é indubtavelmente um excelente escritor, fora suas outras características que o fizeram um dos maiores nomes do cinema atual. De vez em quando, ele se permite sair do seu cenário confortável (que rende filmes, digamos "pacatos") para se revelar um verdadeiro "mestre de seu domínio". Histórias, ainda que simples, estruturadas com diálogos excepcionais. 

E em seu novo filme, Allen conta a história de duas amigas que decidem passar o verão em Barcelona. Vicky e Cristina, (Rebecca Hall e Scarlett Johansson respectivamente) viajaram com propósitos diferentes: Uma está pesquisando informações para concluir seu mestrado. A outra está buscando uma aventura. E a aventura de ambas será encarnada pelo artista Juan Gonzales (Javier Bardem), que lhes apresentará algo muito mais complexo do que uma cantada direta e um fim de semana em Oviedo.

"Acho que eu não entendi a piada..."

Apesar do parágrafo de abertura deste post, Vicky Cristina Barcelona pode não ser Allen no topo de seu jogo, mas com certeza apresenta situações que somente poderiam ter saído da mente do autor. Mesmo com a pecaminosa narração que deixa o filme um tanto preguiçoso e uma ou outra atuação mais distante, o filme ganha força com a entrada da explosiva personagem de Penélope Cruz (roubando a cena), como a temperamental ex-esposa de Gonzales, formando um curioso triângulo amoroso. Tudo isso com uma fotografia inspirada e uma belíssima trilha sonora, cruciais para a ambientação. Uma interessante fábula sobre a busca pelo equilíbrio interno com direito a algumas pinceladas sobre a incansável busca pela definição do amor. Allen mais uma vez se permitiu sair de sua toca. Ainda que com um pé atrás.

Nota 8,0

Trailer:

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bourne Inglês

007, na continuação de seu melhor filme.

007 - QUANTUM OF SOLACE
(idem; EUA, 2007)
Dir.: Marc Forster
Com Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Judi Dench
1h46 min - Ação - 10 anos


Como já foi dito antes, as aventuras do espião Jason Bourne, e seu tamanho bom gosto para sequencias de ação (créditos ao diretor inglês Paul Greengrass, que injetou ainda mais adrenalina na série) fez escola. E o espião mais famoso do cinema teve muitas de suas aventuras reduzidas à meras sessões da tarde. Cassino Royale desembarcou nos cinemas no fim de 2006, para mostrar que Bond era capaz de se machucar, se estrepar e até perder (no mesmo filme). Teve gente que torceu o nariz, dizendo que Bond perdera a classe. A outra (esmagadora) parte, embarcou nas radicais mudanças e lotaram os cinemas para conferir a melhor aventura do espião. A sequência, inevitável como sempre, finalmente chega aos cinemas.

O filme começa alguns minutos após a conclusão de Cassino: Uma perseguição de carros onde o protagonista leva o Sr. White para o interrogatório. E lá descobrem os primeiros indícios de uma poderosa organização - a Quantum... Entendeu o título? - que utiliza-se de fachadas beneficentes para levantar fundos e consequentemente controlar os governos das nações do planeta. E no meio de tudo isso, James Bond investiga os culpados pela morte de Vesper Lynn (a mocinha de Cassino Royale).

"Põe o sapato que ainda falta muito..."

O filme ganha muitas cenas de ação para quem reclamou da falta deles: Logo na primeira meia-hora, temos perseguição de carro, perseguição a pé, pancadarias, e perseguição de carro. O diretor Marc Forster adiciona ao seu elástico portfólio (considerando que ele é o mesmo diretor de filmes como "Em Busca da Terra do Nunca", "A Última Ceia" e "Mais Estranho que a Ficção", para citar alguns) takes de forma calculada e precisa, colocando o espectador no olho da ação. Mas o filme não é apenas adrenalina. Perde-se um pouco com uma história consideravelmente simples, além de contar com um dos piores vilões da série. Nada de diferente, nada de peculiar, nada a acrescentar se não fosse pela tamanha semelhança física com o personagem Augustinho da Grande Família. De resto, um filme calculado para encaixar-se perfeitamente entre Cassino Royale e a terceira parte, fruto dos inúmeros ganchos que o filme deixa. Mas o importante é que James Bond está de volta. E promete voltar novamente em breve.

Nota: 8,0

Trailer