segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Comédia Alcoolizada

Non-sense entre amigos.

SE BEBER, NÃO CASE
(The Hangover; EUA, 2009)
Dir.: Todd Phillips
Com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha
1h 40 min - Comédia - 14 Anos


O cinema non-sense está, aos poucos, se encaixando no gosto popular e encontrando um meio-termo entre a comédia pastelão e a inteligente. Usam como base, histórias comuns, personagens bons, piadas afiadas e situações inusitadas. A prova disso são os bons numeros de bilheteria em que filmes do gênero arrecadam nos fins de semana de estréia. De cabeça, penso em "Penetras - Bons de Bico" e "O Virgem de 40 Anos", por exemplo. Apostando sempre em jovens nomes do cinema e comediantes competentes (em geral, saídos de seriados de sucesso). "Se Beber, Não Case", é o mais novo exemplar a se juntar aos exemplos citados acima.

Doug vai se casar. E como despedida de solteiro, decide viajar a Las Vegas com seus dois melhores amigos e o irmão de sua noiva. Depois do brinde, somos transportados para a manhã seguinte: Ninguém lembra de nada do que aconteceu. O noivo sumiu e o quarto está uma bagunça. Entre a falta de um dente, um bebê, passagens pelo hospital e um tigre dentro do quarto, o grupo terá de descobrir o que aconteceu na noite anterior encontrar o noivo e voltar ao casamento a tempo.

"Ele não é o meu filho..."

Um dos méritos do filme é entregar ao espectador exatamente o que ele vende: Não espere um filme cabeça. Carregado de piadas geniais e non-sense a história faz o público se divertir até mesmo com as cenas injetadas no trailer. Você sabe até a piada que virá a seguir, mas quando ela chega, te acerta em cheio, como se não soubesse nada. O elenco semi-desconhecido (a não ser que esteja antenado com series de televisão) faz um belíssimo trabalho e parece se divertir tanto quanto seus personagens em cena. Não posso escrever sobre este filme e não citar Zach Galifianakis (o barbudo da foto acima). Dono das melhores piadas do filme, ele precisa de duas cenas para estabelecer seu domínio e ganhar a simpatia do público (a piada sobre o nome do cassino, pode ser idiota, mas é impossível não rir). Não só rouba o espetáculo, como é uma bomba esperando para explodir a cada vez que aparece em quadro. É a comédia do ano? Em vista dos filmes a serem lançados até o fim do ano, é cedo para se dizer. Mas é comédia de primeira. A não ser que você seja sério demais para isso...

Nota: 9,5

Trailer:

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Louco e o Ingênuo

O irmão espalhafatoso de Borat

BRÜNO
(EUA, 2009)
Dir.: Larry Charles
Com Sacha Baron Cohen, Gustaf Hammarsten, Clifford Bañagale, Chibundu Orukwowu
1h21 min - Comédia - 18 Anos



Fazer cinema para chocar a platéia não é novidade. Muitos diretores fazem isso todo ano. Chocar a platéia expondo verdades da sociedade, para a sociedade, é a veia central de todo documentário. Em 2006, "Borat" misturou ficção, comédia e documentário em um filme hilário e chocante. Criou grande impacto (positivo e negativo), tomou a crítica mundoial de surpresa e se estabeleceu como ícone (quem aí nunca usou um dos bordões do desajeitado repórter do Cazaquistão?). Para tentar seguir o rítimo, o comediante Sacha Baron Cohen usa a mesma fórmula de sucesso para fazer a "sequencia".

Brüno é um repórter de moda austríaco, homossexual assumido, que adota métodos incomuns para fazer seu jornalismo. Mas após alguns sérios deslizes, é demitido de seu emprego e barrado em todos os grandes eventos de moda da europa. Em sua busca cega pela fama, decide viajar pelo mundo para se destacar novamente e se tornar conhecido mundialmente.

"Você está no Austria Gay TV!"

Se a intenção de Cohen era chocar a platéia, acertou em cheio. Usando e abusando das câmeras escondidas (o que gera marcas astronômicas de processos contra o ator), o filme brilha ao expor até onde a sociedade vai para se tornar famosa. E é isso. O resto, não passa de uma cópia e de uma sequencia aquém do filme do repórter cazaque. Seja pela expectativa que o primeiro filme gerou, ou pela mesma linha de piadas adotadas. Se Borat crescia com os choques culturais e com as pitadas racistas e xenofóbicas, Brüno prima mais pelo o que é visualmente chocante, o que faz o filme se tornar apelativo em certos momentos (a piada com Hitler é boa, mas dentro do contexto do filme, um tanto exageirada, por exemplo). Engraçado, sem dúvida (mesmo considerando que quase todas as grandes cenas foram expostas no trailer). Mas já vimos este filme antes.

Nota 7,0

Trailer (sem legendas):

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Orquestra de Balas

Michael Mann delata o inimigo público número um.

INIMIGOS PÚBLICOS
(Public Enemies; EUA, 2009)
Dir.: Michael Mann
Com Johnny Depp, Christian Bale, Marion Coitillard, Jason Clarke
2h20 min - Açao - 16 Anos



Há pouquíssimos cineastas em atividade que conseguem fazer cinema de ação como Michael Mann. Orquestrar um tiroteio então, menos ainda. Explica-se. Michael Mann sempre prima pelo profissionalismo, como subtema incurtido em suas histórias. O total comprometimento de seus personagens na manutenção degradação do cumprimento da lei. Não é de se assustar, portanto, que a cinebiografia do primeiro bandido a ganhar o status de Inimigo Público número um e a paralela criação de um bureau para defender o país, que com o passar dos anos se tornaria no mais ilustre: o FBI.

John Dillinger (Johnny Depp, com a categoria que se espera dele) se torna uma espécie de celebridade por roubar dinheiro do governo - e nunca da população - em meio à depressão. Mas o senador J. Edgar Hoover tem planos ambiciosos para a criação do Bureau, e nomeia Melvin Purvis (Christian Bale, aceitando qualquer papel hoje em dia) como líder e responsável pela captura de Dillinger. E o plano de Purvis para cumprir sua missão é atingir Dillinger onde mais doi: Sua amante, Billie Frechette.

"Não sou o Dillinger... Tirei o bigodinho..."

Inimigos Públicos é um filme que tem todas as qualidades que um filme de Mann costuma ter. Com uma ressalva: Quem acompanhou filmes como "Fogo Contra Fogo" e "Colateral", por exemplo, onde o envolvimento com os personagens era automático e a platéia se dividia entre torcer pelo sucesso do bandido ou do mocinho. Aqui, o carisma de Depp pode ter atrapalhado um tanto, o que agrava-se pela diferença de tempo de tela entre os antagonistas. Bale fica em segundo plano e as ações policiais se tornam mais táteis apenas na terceira e derradeira parte do filme. Não há como desenvolver simpatia pelos mocinhos. Torcer pelos bandidos não passa a ser dilema, mas consequência. Mesmo que você saiba onde isso vai dar. De resto, um belíssimo filme, com sequências de ação empolgantes e espalhadas pelo filme (ao invés de concentrar tudo em um grande tiroteio). E com uma boa história permeando as balas, com um final pouco convencional, honesto e que pode desagradar muita gente. O que nos faz lembrar que pouquíssimos cineastas em atividade que conseguem fazer cinema de ação como Michael Mann faz.

Nota: 9,0

Trailer:

domingo, 2 de agosto de 2009

A Preparação

Potter fica mais sombrio e prepara o terreno para a conclusão da saga.

HARRY POTTER E O ENÍGMA DO PRÍNCIPE
(Harry Potter and The Half-Blood Prince; EUA/ING, 2009)
Dir.: David Yates
Com Daniel Radcliffe, Michael Gambon, Alan Rickman, Helena Bonham-Carter
2h35min - Aventura - 10 Anos



Aviso aos leitores. Não assisti ao segundo nem ao quinto filme da série. Não li nenhum livro da saga de Potter.

Ainda aqui? Ótimo. Vou falar do sexto filme da saga do bruxo adolescente que cativa um imenso e fanático público, com suas razões. Apesar de não ter gostado muito dos dois primeiros filmes que assisti (o primeiro e o terceiro), é inegável o cuidado e a precisão técnica de recriar um mundo, que segundo os fãs ardorosos, com muita fidelidade à descrição dos livros. E uma frase à parte para a categoria superior de efeitos especiais obrigatórios para encantar os olhares dos fãs dos livros, fãs dos filmes e até àqueles que como eu, gostam de entretenimento na telona.

No sexto filme da série, a ameaça é cada vez maior para Hogwarts e o mago Dumbledore se aproxima ainda mais de Harry Potter, devido a iminência de uma grande batalha contra Voldemort. Por conta disso, os dois começam a rever as memórias capturadas do vilão para tentar descobrir meios concretos de derrotá-lo e o professor Horácio Slughorn pode ser uma peça importante.

"Harry, acho que encontraremos o Gollum naquela caverna..."

Uma coisa é fato: Este filme é uma ponte. Uma preparação para o anunciado "quebra-pau" que deverá acontecer no capítulo final. A saudável direção de David Yates consegue criar um clima muito tenso e vital para o bom funcionamento da trama. E o roteiro, enrolações à parte, é cauteloso e bem construido, que permite aos pouco familiarizados a se situarem na trama sem precisar perder muito tempo para se encontrar. E o que dizer da parte técnica do filme? Irretocável e sem capacidade para ganhar críticas negativas. A saga de Potter ganha um belo filme, um capítulo que faz jus à grandiosidade de seu tema e de seu eleitorado. Assistir ao derradeiro episódio (que será dividido em dois) será inevitável. E a vontade de recapitular toda a história aflora pela primeira vez neste crítico.

Nota 8,5

Trailer: