segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sandler Básico.

Nada além do que parece. Tudo bem.

Juntos e Misturados
(Blended; EUA, 2014)
Dir.: Frank Coraci
Com Adam Sandler, Drew Barrymore, Kevin Nealon, Terry Crews
1h57 min - comédia - 12 Anos



Quando você pega uma fila na bilheteria e compra um ingresso para ver um filme do Adam Sandler no cinema, à essa altura, você ja sabe o que pretende encontrar. 

Na esmagadora maioria das vezes, são comédias, algumas vezes românticas, com humor besteirol forçado, cenários inusitados, atores renomados fazendo ponta, celebridades em papeis pequenos e com merchandising de algum produto inseridos no contexto. E sempre haverão algumas sacadas que irão se sobressair e comentadas ao final da sessão. 

Mas, continuamos a comprar os ingressos. Porque tudo o que é prometido no material promocional, é cumprido. 

E em "Juntos e Misturados", Sandler reata a parceria com Drew Barrymore quando interpretam duas pessoas, com casamentos que terminaram (ele viúvo, ela divorciada) e que, num cenário pouco previsível, acabam com seus filhos, juntos, numa viagem para a África, onde desfrutarão de um hotel paradisíaco e acabarão se envolvendo romanticamente um com o outro e afetivamente com a família oposta. 

Curtiu o penteado?
Calma. Não dei nenhum grande spoiler. Mas já lhe indiquei uma das boas características do filme: Ele é realmente o que promete no trailer. E o que você deve esperar de um filme legal de Adam Sandler. Se você conseguir passar pelas piadas forçadas, pelos sketches musicais com Terry Crews (conhecido aqui como o "Pai do Chris" da serie "Todo mundo odeia o Chris") e por algumas outras besteirinhas inseridas, "Juntos e Misturados", acaba sendo uma agradável sessão. 

Principalmente, por conta da química inegável entre Sandler e Barrymore. Funciona muito. Eles estão bem a vontade e isso contribui bastante para a "credibilidade" (na medida do possível) da história pessoal de cada personagem e porque uma união entre os dois poderia funcionar. 

Não espere algo romântico na linha de "Como se Fosse a Primeira Vez", mas está longe de ser uma besteirona como "Zohan". É aquele copão de agua com açúcar que acalma e que te faz se sentir bem. 

Poderia ousar um pouco mais no humor e na história, mas preferiu jogar seguro e entregar o que foi prometido.



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Comédia Cotidiana

Eles estão rindo de você?

Vizinhos
(Neighbors; EUA, 2014)
Dir.: Nicholas Stoller
Com Seth Rogen, Zac Efron, Rose Byrne, Dave Franco
1h37 min - Comédia - 16 Anos


Tem um pessoal muito bom fazendo comédia em Hollywood. E se não da para comparar com os clássicos do cinema de humor, não tem problema. 

Não tem problema mesmo. Essa nova turma faz um humor mais escrachado. Pegam alguns estereótipos do cotidiano, em situações mundanas e arriscam um humor um tanto além do limite. Não chega a ser um pastelão, mas também não podemos chamar de humor refinado.

E quando eles não estão rindo deles mesmos, provavelmente estão rindo de você.

"Vizinhos" conta a história de Mac e Kelly, casal que teve um bebê recentemente e que observa com suspeitas um pessoal se mudar para a vizinhança, até descobrirem que se trata de uma "república". As festas, obviamente, rivalizarão com o clima de paz necessário para criar o bebê e com isso, pai e líder da república entrarão em confronto direto pela palavra final.

Fiquem tranquilos. A gente não faz barulho...

O melhor do filme é não tomar partido de nenhum dos lados. Talvez pelo fato de estabelecer os protagonistas não como "rivais", mas como pessoas muito parecidas com objetivos diferentes. Eles se identificam e por isso temem um ao outro. Enquanto um é o adolescente festeiro que cresceu e agora tem responsabilidades - mas sente falta do seu passado - o outro tem medo de crescer e ter que assumir as tais responsabilidades. 

Essa batalha entre gerações ganha muita credibilidade por conta do carisma e da química entre os protagonistas Seth Rogen e Zac Efron. Os coadjuvantes estão todos muito engraçados (a festa temática do Robert DeNiro é um espetáculo a parte) e contribuem muito para a atmosfera das duas casas. O pessoal da fraternidade fazem um contraponto muito bom à tranqüilidade aparente da família ao lado. Aparente, porque a esposa é uma maravilhosa incógnita, enfadada pela falta de diversão, mas que não é capaz de deixar a sua filha pequena para trás. 

E diga-se de passagem, é o bebê mais bonitinho que eu vi no cinema. Muito expressiva e com um sorriso cativante, ela é perfeita para que o espectador entenda o espírito familiar dos pais. Eles sentem falta da farra, mas em momento algum se mostram arrependidos da decisão de construir a sua família. Os sorrisos dela arrancam alguns "aaaawwwnnn" em meio a tanta bagunça.

Essa boa safra de filmes dessa turma, da qual "Vizinhos" faz parte, é pontuada por algumas piadas sujas (você pode até achar de mal gosto) e comportamentos que seus pais não aprovariam, mas que resultam em um 97 minutos divertidissimos. 

E você sabe que se divertiu. Porque, alguma coisa daquele cotidiano, lhe pareceu muito familiar. 


 



segunda-feira, 14 de julho de 2014

A arte de ser um vilão.

Vilões do cinema, protejam-se!

Malévola
(Maleficent; EUA 2014)
Dir.:
Com Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning
1h45 min - Aventura - 10 Anos


A falta de novas historias, agora ameaça também os grandes vilões do cinema. De uns tempos para cá, tem um pessoal querendo desconstruir os grandes antagonistas e entender (ou inventar) porque eles são o que são. A onda agora parece ser "conheça a verdadeira história" por trás da história que você sempre conheceu.

Sou de uma geração que cresceu com uma bem estabelecida concepção do bom e do mal sem precisar explicar muita coisa. O bom era do bem e o mau fazia mal à todos. Luke Skywalker não precisava de nenhuma história prévia para entendermos porque ele era bom. Nem argumento algum precisava esclarecer que Darth Vader era mau. Tudo era apresentação. Era visual. Era concepcional o suficiente. Bastava isso para conquistar o coração do espectador ou fazermos temer o seu antagonista. 

O vilão, em sua essência, é a criação do antagonismo. O autor de todo risco e de toda ameaça ao personagem principal. Ele deve ser tudo aquilo que o herói não é, ou, tudo aquilo que é incapaz de ser. 

Talvez a minha geração tenha ficado um pouco desatualizada. Talvez. O novo espectador agora sabe de onde surgiu Darth Vader. Sabe também que Hannibal Lecter é uma criança traumatizada.

"Malévola" faz exatamente isso. Pega um dos vilões mais clássicos das historias infantis e tenta nos mostrar "a verdadeira história por trás da Bela Adormecida". Ou, se preferir, porque a Rainha Má virou, de fato, má. 

Olha só quantos efeitos especiais eu sei fazer!

Aviso aos navegantes do mundo cinematográfico que vários ajustes foram feitos para conseguir encaixar a Rainha como uma pessoa boa (!?). Isso pode lhe incomodar, se você for uma daquelas pessoas que se perturbam ao ver uma história querida ser dobrada e transformada pelo bem de um novo roteiro. É proposital, ok?

É um risco grande. Gigante, se não tivesse a chancela Disney de contar historias. Mas há coisas boas a serem destacadas. 

Angelina Jolie é a escolha óbvia para o papel-título (o que fica evidente em uma cena específica no fim do filme). Esta extremamente confortável e a encarna muito bem, especialmente na famosa cena do batizado de Aurora. 

A avalanche de efeitos especiais agradam aos olhos, principalmente quando falamos de criaturas fantasiosas e do mundo de onde a personagem Malévola origina. 

"Malévola" pode não ser a bomba anunciada, mas está longe de ser um filme memorável. Tem coração, tem identidade e tem o carimbo Disney de felicidade em cada frame do filme. Mas não tem mais uma vilã que assombrou tantas crianças de outras gerações. 

É apenas uma pessoa comum, que comete erros e pode até se arrepender.

Nos assustamos à toa...



terça-feira, 8 de julho de 2014

Boa Idéia/ Má Idéia

Rebobine, por favor.

Transcendence - A Revolução
(Transcendence; EUA, 2014)
Dir.: Wally Pfister
Com Johnny Depp, Rebecca Hall, Paul Bettany, Morgan Freeman
1h59min - 12 Anos - Ficção


Eu, como fã de desenhos animados, gostava de um "quadro" dentre os vários que o desenho dos Animaniacs possuia, que se chamava Boa Idéia/ Má Idéia. Era basicamente uma mesma idéia, executada de duas formas distintas: A Boa e a Má.

Há um longo caminho entre uma idéia e a execução dessa idéia em um filme.

Pois uma idéia ruim, quando bem executada, pode até virar um sucesso. Tem um caminhão de filmes aí que podem comprovar essa teoria. Mas uma boa idéia, quando mal executada derruba toda a experiência na telona.

E olha que a idéia inicial de "Transcendence - A Revolução" é boa e porque não, possível?

Dr. Will Caster (Johnny Depp) estuda a criação de um sistema de inteligência artificial revolucionário, que levanta as atenções de um grupo extremista. Sofre um atentado ao sair de um seminário e antes de morrer, ele e sua esposa tem a ideia de transferir sua consciencia para um computador, de forma que possa levar seu trabalho adiante. Mas uma vez lá dentro, será mesmo Will ou será uma máquina agindo como Will. Quais os limites desta perigosa empreitada?

Eles empataram... Vai ter prorrogação...
Apesar das belíssimas cenas e da direção aparentemente tranquila do estreante Wally Pfister (que foi o diretor de fotografia da trilogia do Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan), o filme realmente empaca no desenvolvimento do roteiro, ambicioso demais para um filme que parece padecer de uma certa falta de inspiração. Começa de forma muito interessante e se mantém assim até a metade do caminho, o que ajuda muito a estabelecer o filme e como as idéias dos personagens acabam se chocando com os acontecimentos e suas consequentes adaptações necessárias para sua sobrevivência. Mas na segunda metade do filme, o texto sofre uma evolução exageirada demais pelo o que o filme era até então. 

As atuações não vão muito além do que os atores já entregaram em filmes passados, inclusive Depp, que se não demonstra aqui os repetitivos tiques de Ichabod Crane/Jack Sparrow (ufa!) e Morgan Freeman, como o Morgan Freeman que todos aprendemos a gostar de ver, não fazem muito esforço para garantir a diversão e deixam parte da carga emocional para Paul Bettany - sempre coadjuvante e sempre legal de ver - e Rebecca Hall, respectivamente o melhor amigo e a esposa de Will Caster. Não vão muito longe, mas são os dois personagens que dimensionam a grandeza da ameaça que o computador se tornou.

Mas o grande problema é que o filme não possui um componente imprescindível: não é divertido. E não digo divertido como em "engraçado" (o que definitivamente não caberia aqui). O filme não entretém. Não é divertido de se ver. 

Transcendence - A Revolução, definitivamente entra para a gaveta de filmes iniciados por uma boa idéia, executada de forma equivocada. O filme insiste em "não se desligar" (desculpem o trocadilho) resultando em uma experiência estendida para um conteúdo que, bem enxuto, poderia se transformar em boa discussão ao invés de filmão pipoca.



sexta-feira, 4 de julho de 2014

Mundo Paralelo

Wes Anderson e o seu primor de filme.

O Grande Hotel Budapeste
(The Grand Budapest Hotel; EUA, 2014)
Dir.: Wes Anderson
Com Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Jude Law, Tom Wilkinson
1h40 min - Comédia - 12 Anos


Se o cineasta é o reflexo das influências que compõe seu universo pessoal, então, suspeito que Wes Anderson, o diretor de "O Grande Hotel Budapeste", vive em um universo paralelo fantástico, cartunesco, delicioso, onde tudo pode ser cômico, tudo pode se tornar trágico (e ainda assim carregar ares cômicos) e tudo só não é animação pura, porque, convenhamos, o universo não poderia ser tão distante assim do nosso.

Muito pode se dizer deste talentoso diretor. Ainda que você não aprecie seu relativamente curto portfólio, há de convir que seu estilo único rende um cinema de qualidade.

E qualidade sobra - e muito - nesta nova incursão do diretor na sétima arte.

O filme conta a história de Gustave H. (Ralph Fiennes, numa interpretação inspiradíssima), conciérge do Grande Hotel Budapeste. Extremamente influente com os hóspedes, Gustave é o principal suspeito do assassinato de Madame D., hóspede com quem tinha um caso. Seu fiel escudeiro, Zero, fará o que for possível para ajudar seu mentor a provar a sua inocência e validar seus direitos designados no testamento da vítima.

Posso apenas terminar o meu drink?

O humor sofisticado do filme é apenas um brinde em relação ao verdadeiro deleite aos olhos do espectador, que o diretor Wes Anderson oferece com sua técnica e estilo meticuloso de fazer um "cinema em miniatura". Tudo funciona muito bem, criando uma atmosfera ímpar e um tanto mais ousada em relação aos seus filmes anteriores. Especialmente, por se tratar de um filme que transita por distintas épocas, o que se percebe tanto pela direção de arte (que é um espetáculo a parte), quanto pela troca deliberada do aspecto de exibição.

O alto número de personagens, cada um com sua importância para o desenrolar da trama, carrega diálogos ágeis e brilhantes, como que dosados com cautela para trazer a informação necessária, sem precisar arriscar grandes discursos. Atuações encaixadas dentro de um timing cômico que permeia todo o filme. Dá ritmo. Dá graça. Dá gosto de se ver.

Wes Anderson entrega com maestria uma quase-comédia pastelão disfarçada sob um elegante verniz melancólico de uma tragicomédia. Facilmente um dos melhores filmes desse ano.



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Desculpe, Amigo.

Muitas viagens no tempo...

X-Men: Dias de Um Futuro Distante
(X-Men: Days of Future Past; EUA, 2014)
Dir.: Bryan Singer
Com Hugh Jackman, Jennifer Lawrence, Ian McKellen, Michael Fassbender
2h11min - Ação/ Aventura - 12 Anos


Ok, começo esse post confessando que não gosto muito dos X-Men. Gostava na infância, sem ser um ávido leitor, ou um fã incondicional.

Mas no que diz respeito às adaptações cinematográficas, continuo a discordar da esmagadora maioria. Por exemplo: Acho os três primeiros filmes péssimos. Estou quase sozinho quando digo que o primeiro filme do Wolverine foi divertido (não me prontifiquei a assistir ao segundo) e acho que o único filme realmente bom da série seja o "Primeira Classe".

Era de se esperar, como quase foi, que passasse longe desta última incursão dos mutantes na tela grande. Mas eis que um amigo, que entende dos X-Men bem mais do que eu, continuou insistindo para que eu desse mais uma chance. E baseado no respeito pela opinião do amigo, resolvi conferir "Dias de Um Futuro Distante".

Para resumir a confusa trama, digo que a história gira em torno dos X-Men originais (o cast duvidoso que compôs a primeira trilogia da série) que enviam Wolverine de volta ao passado, para prevenir desastrosas decisões que levaram ao futuro nebuloso em que vivem. E isso inclui unir forças de mutantes "do bem" e "do mal", em torno de um único propósito.

Alô? Tem como diminuir a luz aí?

Esse X-Men começa de forma interessante, nos dando uma prévia de um futuro sombrio, onde os riscos são praticamente impossíveis de serem batidos. O que indica ao espectador toda a engrenagem que irá sustentar o resto do filme. Mas conforme a história avança, a necessidade de explicar as idas e vindas no tempo, torna o filme massante demais.

Além disso, toda aquela dinâmica entre Magneto, Xavier e Mística, o ponto forte do "Primeira Classe", é quase o ponto fraco desse episódio, onde ao invés de expandir, a relação entre o trio parece se retrair. Wolverine, que tem um papel consideravel aqui, acaba por muitas vezes, relegado a um coadjuvante de luxo. 

A trama acaba por se tornar um tanto previsível, especialmente, por se tratar de uma viagem ao passado - em tese, sabemos como tudo teria que terminar para que os outros filmes façam sentido. 

Infelizmente, para mim, o filme não funcionou. E acaba sendo mais uma baixa pessoal nas minhas tentativas de me empolgar com a série.

Ainda não foi dessa vez...

Desculpe, Amigo.