segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O fim do mundo.

O blog desiste oficialmente de Nicolas Cage (até segunda ordem)

O Apocalipse
(Left Behind; EUA, 2014)
Dir.: Vic Armstrong
Com Nicolas Cage, Chad Michael Murray, Lea Thompson
1h44 min - Drama - 12 Anos


Eu gosto de ver Nicolas Cage na telona. 

Ele já fez de tudo. Quem assistiu "A Rocha", "Adaptação" e "Despedida em Las Vegas", por exemplo, sabe do que ele é capaz de fazer. Quem viu "O Vidente", "O Motoqueiro Fantasma" e esse "O Apocalipse", também sabe que ele é capaz de fazer más escolhas.

Nicolas Cage interpreta Rayford Steele, piloto de avião com o casamento abalado, que após um melancólico encontro com sua filha no aeroporto, embarca para Londres em um vôo onde vai testemunhar em menor escala, um evento mundial onde pessoas de todo o planeta, sumirão em um piscar de olhos. Conhecido também como "Raptura". 

Aperte os cintos aí, porque a coisa vai ser braba...
Como não comento religião, por respeitar o direito de cada pessoa a ter suas crenças, vou falar apenas do que acontece em cena. 

Então vamos falar de "tensão", ou a completa falta de. 

Tensão se manifesta visualmente. No cinema, pode se obter tensão visual por efeitos visuais, que no filme são de muito mal gosto, quanto nas atuações dos atores. E se atuações podem elevar o patamar em filmes de baixo orçamento, aqui, novamente, a situação não ajuda. Nicolas Cage é apenas a desastrosa ponta de um iceberg de filme onde nenhuma - e nenhuma mesmo - atuação se salva. O que prejudica muito as cenas onde o clima deveria ser tenso.

Tensão também é som. E se os efeitos sonoros do filme são de qualidade, a trilha sonora, que em diversos momentos da história do cinema já se fez maior do que seus personagens, aqui simplesmente não parece se encaixar com o que vemos na tela. 

O resultado final, parece ser um filme ruim feito para a TV, que, por ser a adaptação de um best-seller, ganhou uma chance na tela grande e um ator consagrado para estampar o pôster.

Passe longe.




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Viagem Insólita

Um dos melhores filmes de 2014, já disponível no Netflix.

Locke
(ING; 2014)
Dir.: Steven Knight
Com Tom Hardy, Ruth Wilson, Olivia Colman, Andrew Scott
1h24min - Drama


Se você gosta de filmes agitados, não precisa terminar de ler esse post.

O mesmo vale para o leitor claustrofóbico.

Mas se você não se enquadra em nenhuma das "categorias" acima, você está apto a assistir a um dos filmes mais interessantes e bem construídos do ano. Estou falando de Locke.

E Locke é um filme a ser evitado por os dois públicos citados, porque se trata de uma história muito boa, muito tensa e que se passa - integralmente - dentro de um carro.

O personagem-título, é um homem que cometeu um erro. E por conta desse erro, tomou uma decisão que lhe obrigará a fazer uma viagem de carro em direção à Londres, por uma hora e meia (o tempo do filme). E no caminho, resolverá algumas pendências por telefone.

Imagine se fosse no trânsito de São Paulo...

Acredite quando digo que este é um dos filmes imperdíveis de 2014. 

O primeiro motivo é o melhor que o filme tem: Tom Hardy. O ator que tem um repertório que trafega desde comédias bobinhas (Guerra é Guerra) a Vilões (Bane em O Cavaleiro das Trevas Ressurge), entrega uma das melhores interpretações do ano. Rico em trejeitos e tiques que ajudam a mostrar uma complexidade por trás da aparência calma de um homem que, em teoria, tem quase tudo sob controle. 

O enredo enxuto e bem amarrado faz a tensão emergir na tela à medida em que a situação vai se tornando sufocante para o protagonista, de acordo com as reações dos demais personagens que estão do outro lado das conversas telefônicas. E aqui vale destacar outro grande ponto do filme: As interpretações coadjuvantes, as quais não vemos - apenas ouvimos via speakers do carro - são, sem exceção, excelentes.

Extremamente bem dirigido, Locke ainda se completa por ser um filme com um visual elegante, utilizando sinais de trânsito, reflexos e desfoques de luzes de carro para pulsar um ambiente incontrolável e para afogar o personagem em informações visuais quando necessário - alusão ao turbilhão de emoções pelo qual passa durante todo o filme.

Se o tema central do filme é assumir o peso da responsabilidade pelas escolhas feitas, então a escolha de colocar o peso do filme no ator vale toda a experiência de assistir a Locke.



terça-feira, 7 de outubro de 2014

Tons Abaixo.

Mais do mesmo. E pior

Sin City: A Dama Fatal
(Sin City: A Dame To Kill For ; EUA/Chipre, 2014)
Dir.: Robert Rodriguez, Frank Miller
Com Mickey Roarke, Josh Brolin, Eva Green, Jessica Alba
1h42min - Thriller/ Ação - 18 Anos



Lá em 2005, quando Robert Rodriguez estava pirando trazer novas histórias a serem contadas de maneiras inovadoras no cinema, usando efeitos especiais nunca antes vistos, ele pegou a famosa HQ de Frank Miller, Sin City e fez um filmaço.

Violento, sensual e porque não, chocante, Sin City trouxe para a mesma tela muita gente boa, e contou quatro histórias da HQ, utilizando-se do estilo que Frank Miller usou e surpreendeu nas bilheterias e até nas críticas - O resultado foi tão bom que, copiando o mesmo estilo, 300, lançado no ano seguinte fez ainda mais dinheiro.

Mas ainda haviam histórias de Sin City que não haviam sido contadas. E uma delas, "A Dama Fatal", ganha um filme.

Querido, você bateu a cabeça?
O filme é mais do mesmo. A sensação que dá é que outro filme de sucesso no passado ganhou uma nova chance para garimpar uma bilheteria. Mas essa fórmula já está se provando falha. O visual do filme que há 10 anos era inovadora, já parece gasto (apesar de muito, muito trabalhosa para chegar ao resultado final) e depois de algum tempo assistindo, até cansativo de ver. O que se tem de qualidade na pós produção, falta em dinâmica de cenas.

No que diz respeito à história, muita nudez, muito falatório (ok, é um filme noir) e uma boa diminuição das cenas de ação/violência - característico da HQ. A história demora muito para evoluir e dá muitas voltas até entregar o que o público espera. Os atores, quase todos no piloto automático também parecem exaustos o que compromete muito seus personagens em suas respectivas sequências. É como se, numa reunião, os responsáveis estivessem separando os elementos que deram tão certo no primeiro filme e aplicassem à essa sequência, os elementos errados. 

E por fim, assistir ao primeiro filme não só é essencial para entender muita coisa da história, como assistir ao primeiro filme é muito melhor do que assistir ao segundo.

E oremos para que não vire uma trilogia...


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sem Emoção

Jeff Bridges e Meryl Streep valem uma porcentagem do seu ingresso.

O Doador de Memórias
(The Giver; 2014)
Dir.: Phillip Noyce
Com Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Katie Holmes
1h37min - Ficção/Drama - 14 Anos


Se eu lhe pedir para que me liste histórias que contam sobre a busca por sociedades perfeitas, você pode me listar alguns. Futuros utópicos e distópicos, e você lista ainda mais títulos diferentes.

E são boas as chances dos títulos citados, serem de pelo menos, 8 anos para trás.

Os filmes futuristas andam em baixa. Para isso, alguns atrativos são necessários para chamar um público. Convocam um candidato a estrela de cinema para protagonizar a adaptação de um livro de bom apelo ao público jovem e como complemento, atores consagrados para dar peso e chamar o pessoal que não conhece a história. Capriche no trailer e vamos lá.

A história se passa numa sociedade que extraiu as emoções da população para que tudo possa ser controlado e assim progredir sem imprevistos. Os habitantes são analisados durante seu crescimento e então, na maioridade, desginados a cumprir funções de acordo com suas habilidades destacadas. Quando um deles se destaca em diversas habilidades simultaneamente, o que é raro, ele é designado a ser "O Guardião de Memórias", que aprenderá toda a verdade por trás da sociedade em que vive com o "Doador de Memórias".

Essa página não estava no meu roteiro...
Logo na capa do filme você vê Meryl Streep e Jeff Bridges. Grandes, ao fundo, porém com bom destaque. Exatamente como são no filme. Papéis coadjuvantes, de grande importância. Dois monstros do cinema americano que, obviamente dão um show de bola e engolem com facilidade todos os outros participantes no filme. E engole com requintes de crueldade, tamanha a disparidade da qualidade dos envolvidos. Faço leve exceção ao desconhecido Brenton Thwaites, que, esforçado como protagonista e companheiro de cena de Bridges, se coloca um nível acima dos demais.

O diretor de ação, Phillip Noyce, com um curriculo bacana (O Santo, O Colecionador de Ossos, Perigo Real e Imediato) faz um filme que segue um caminho relativamente previsível - até o tratamento de cores, indicando onde há e onde faltam emoções, não é novidade. Se conseguirmos deixar passar algumas problemáticas conceituais que acabam contradizendo as regras básicas da construção da história, "O Doador de Memórias" ganha da concorrência por uma leve vantagem.

Mas leve vantagem mesmo. E por conta dos atores já citados. Nada é muito apronfundado, e toda a apresentação dos personagens e do contexto é feito de forma apressada demais, evitando correr qualquer risco de deixar uma ponta solta para ter que ser explicado mais tarde. Em seguida, tudo segue uma cartilha rígida de direcionamento do espectador. Nada é o que parece ser, personagens que pareciam ser bonzinhos são muito cruéis ou se limitam a obedecer o comando para não se complicar. E para não haver qualquer questionamento, algumas cenas chocantes são inseridas (de forma um tanto surpreendente) no contexto. É talvez a mais sincera tentativa de conseguir extrair uma emoção de um filme que até então, teve muito pouco.

E o então aguardado final, chega num anti-clímax que poderá fazer com que muita gente saia decepcionado.

E tudo continua a ser como antes.


Faroeste Family Guy

Mais um para a série de títulos irritantemente mal traduzidos.

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola
(A Million Ways to Die in The West; EUA, 2014)
Dir.: Seth MacFarlane
Com Seth MacFarlane, Charlize Theron, Giovanni Ribisi, Liam Neeson
1h51min - Comédia - 16 Anos



Quem acompanha o seriado animado "Uma Família da Pesada" (ou Family Guy), com certeza ja ouviu falar de um sujeito chamado Seth MacFarlane.

Além de criador do desenho, ele é roteirista, dublador e ainda acumula outras funções. Ou seja, se você sabe quem é Seth McFarlane, sabe o tipo de humor pelo qual ficou conhecido.

Pois então. O também criador de "Ted", agora fez esse faroeste (cuja tradução me recusarei a comentar, tamanha canastrice) que conta a história de Albert, um fazendeiro de ovelhas, com fama de covarde, que após uma desilusão amorosa, vira presa fácil para Anna, esposa insatisfeita de um bandidão (Liam Neeson que está na região à procura de ouro. 

Oh céus... É o Barney de bigode...
Além do título nacional, este filme tem vários problemas, a começar pelo seu protagonista. MacFarlane pode ser um bom comediante (ainda que o humor seja forçado demais para você) e um bom diretor, mas definitivamente, não tem força para ser um protagonista. Ainda mais, de um faroeste, gênero que anda em baixa há algum tempo. 

Uma ou outra piada pode fazer a sala inteira rir (apesar de muitas delas estarem presentes nos trailers), mas todo o resto do conjunto é simplesmente muito fraco. E isso influencia gente muito boa, como Liam Neeson (que só é um vilão decente por conta da história fraquinha), Charlize Theron (que anda escolhendo papeis meio esquisitos) e até mesmo Neil Patrick Harris (o saudoso Barney da serie How I Met Your Mother).

O filme infelizmente não funciona tão bem como poderia. 

Talvez tivesse melhor sorte, se fosse um episódio de Family Guy.