terça-feira, 22 de abril de 2014

Belo Upgrade

Prepare-se para gostar do Capitão América.

Capitão América 2 - O Soldado Invernal
(Captain America - The Winter Soldier; EUA, 2014)
Dir.: Antony Russo e Joe Russo
2h15min - Ação - 14 Anos


Nunca fui muito fã do Capitão America. Sempre achei muita patriotada para pouco conteúdo. Apesar de nunca ter lido uma HQ dele, achei o filme antecessor, "O Primeiro Vingador", muito ruim e deixou aquela sensação de ser um produto feito às pressas para estabelecer as historias bases para "Os Vingadores".

Portanto, entrar no cinema para ver a sequência do personagem mais chato do grande produto da Marvel no cinema não era das tarefas mais animadoras.

Nesta segunda empreitada solo do Capitão, ele tem que desvendar um plano secreto da HIDRA, agência maligna descoberta no primeiro filme, que pode estar por trás de uma serie de assassinatos, cometidos por um mercenário conhecido como O Soldado Invernal, que pode ter importante relação com o passado do Capitão, enquanto este, tenta se adaptar ao mundo moderno.

Ei. Você fez chapinha?
No fim da sessão e de queixo caído, demorei para adimitir que tinha acabado de ver o melhor filme da Marvel até então. O estilo frenético da ação (que parece ter inspiração na série Bourne), com tiroteios, coreografias de lutas empolgantes e belas perseguições de carros caiu muito bem para o personagem, que se encontra numa história bem superior e que dá ganchos para o segundo filme dos Vingadores e para a óbvia terceira parte do Capitão América.

E nessa história, também se encontra o melhor vilão desse universo Marvel no cinema até agora. O Soldado Invernal do título, estabelece logo no começo que será, além de um páreo duríssimo, perigoso e ameaçador da paz. Mais do que isso, há uma subtrama forte - e muito boa - que influenciará muita coisa para os personagens desse universo daqui para frente. Há, inclusive, uma ponta de um personagem que apareceu lá atras, no péssimo "Homem de Ferro 2", que participa dessa subtrama e que explica muita coisa do que já aconteceu.

De negativo, apenas muita previsibilidade da trama e o 3D inútil, que deve estar ali só para aumentar a arrecadação de bilheteria

No geral, um belo upgrade do primeiro para o segundo filme. Uma evolução que aumenta o poder de fogo do Capitão com o público e que prepara o terreno para novas empreitadas do personagem. E é claro, para Os Vingadores.



sexta-feira, 4 de abril de 2014

Fora do tom

Um suspense com desperdícios.

Toque de Mestre
(Grand Piano; Espanha, 2013)
Dir.: Eugenio Mira
Com Elijah Wood, John Cusack, Kelly Bishé
1h32min - Suspense





A fórmula pode até ser batida, mas quando a história é boa, o filme fica mais apreciável. Protagonista e antagonista duelam quase que exclusivamente em cena. Foco no protagonista, porque o vilão, quando não visto, tem sua ameaça ampliada.

Toque de Mestre, é assim. 

Elijah Wood interpreta Tom Selznick, um pianista promissor, que cometeu um erro vergonhoso em sua última apresentação há cerca de cinco anos atrás. Com o falecimento do seu mentor, ele é chamado para uma apresentação "im memoriam", no piano onde compunha suas peças. Teatro lotado e a pressão psicológica de não cometer uma nova gafe. Durante a apresentação, Tom se depara com uma ameaça na partitura, que entrega que ele está sob a mira de um perigoso atirador.

Silêncio aí, por favor?
O filme não enrola muito para dizer a que veio. E nem precisava. O diretor economiza o tempo do espectador apresentando de forma sucinta o protagonista e suas razões. 

A construção do suspense é o ponto forte do filme. Utilizar a música do concerto para criar uma atmosfera sombria foi uma boa sacada e ajuda a envolver a plateia na situação mental do personagem de Elijah Wood - que apesar de mal escalado, faz o possível em prol do filme. 

Da metade para o final, a coisa descamba um pouco. O roteirista toma algumas liberdades absurdas para tentar encaixar algumas explicações e encaminhar algumas deixas. Isso inclui, um celular (me recuso a ir adiante com esse spoiler), personagens completamente descartáveis para a trama e frequentes saídas do pianista do palco durante a apresentação.

Além disso, a composição do vilão foi muito infeliz: As razões pelas quais submete o protagonista a tamanha pressão é mal justificada e tudo parece descambar para o absurdo. Que o diga os 10 minutos finais do filme. Uma saída sem graça e que destoa de todo o exercício de suspense a que fomos submetidos até então. 




quarta-feira, 2 de abril de 2014

Bale, o matador.

Boas atuações garantem a sessão.

Tudo por Justiça
(Out of The Furnace; EUA, 2013)
Dir.: Scott Cooper
Com Christian Bale, Woody Harrelson, Zoe Saldana, Casey Affleck
1h56 - Drama - 16 Anos


Christian Bale já foi o Batman. Já foi um psicopata. Ja interpretou John Connor e até Demetrio, de Shakepeare. Ganhou um Oscar por interpretar um viciado em crack. Mergulha em seus personagens a ponto de se dispor a radicais transformações físicas (De "O Maquinista", para "Batman" em menos de um ano) para que suas interpretações fiquem ainda mais ricas. 

Nesse "Tudo por Justiça", pode não ter ido tão longe na transformação física, mas, como já estamos ficando (mal?) acostumados, da um show de interpretação. E nesse caso, isso significa necessariamente, que ele é o maior e melhor ponto desta "grande pequena história". 

Em meio a uma depressão econômica, Russell Baze e seu irmão mais novo, Rodney, sempre imaginaram ter vidas melhores do que trabalhar numa fábrica. Certo dia, numa imprevisível virada do destino, Russell é preso e seu irmão, agora veterano de guerra, busca perigosas lutas clandestinas, até o dia em que desaparece, fato que fará Russell, uma vez solto, arriscar sua liberdade, em prol de encontrar justiça pelo seu irmão. 

Opa, olha um pato ali
Isso foi uma breve descrição do que encontrar em duas horas de projeção. Deixei muita coisa de fora. Parte para lhes proteger de spoilers mas também porque há um vasto número de subtramas - o pai doente, a namorada de Russell, o tio, o policial, o personagem de Willem Dafoe - o que acaba por abrir muita coisa para pouco tempo. 

A história apresenta seus personagens com a calma e a riqueza em detalhes necessária para que cada decisão e razões sejam devidamente justificada até o seu melancólico - e previsível - final.  E se Christian Bale é sinônimo de qualidade, todo o restante do elenco se mostra à altura, em especial, Woody Harrelson, que em meio a tantos papéis cômicos, aqui interpreta um vilão perigoso numa interpretação assombrosa, ainda que com tempo reduzido de tela. 

Mas talvez um enredo tão recheado de subtramas (e tem muita coisa contada para duas horas de filme), acaba por ser vendida de forma equivocada. Quem espera um thriller de caça aos culpados, acaba encontrando um drama de belas atuações e com a tal busca por justiça encaixada na última meia hora. O que não é ruim, mas pode decepcionar muita gente.

Dificil mesmo, é conseguir se decepcionar com Christian Bale.