terça-feira, 23 de setembro de 2008

Que Fôlego!

Mais um musical que ganha a telona

MAMMA MIA!
(Mamma Mia!; EUA, 2008)
Dir.: Phyllida Lloyd
Com Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgard
1h40 - Musical - 10 Anos
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No começo do ano, ao ver as inúmeras reportagens sobre filmes de 2008, a que eu botava menos fé era numa versão para as telonas do musical "Mamma Mia!". Não pergunte porque. Era um feeling. Algo me dizia que não seriam miutas pessoas que pagariam para ver uma coletânea de músicas do Abba cantadas por Meryl Streep e Pierce Brosnan. E hoje, pago minha língua. "Mamma Mia!" é além de uma grata surpresa, divertido a beça.
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Para quem nunca havia ouvido falar da história, ou não viu nenhum trailer nos últimos três meses nas salas de projeção: Menina decide se casar. Descobre que pode ser filha de três homens distintos e portanto, resolve convidar os três, para que possa conhecer seu verdadeiro pai depois de 20 anos. 
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"E aí? Tá a fim de cantar mais uma?"
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A verdade é que não me divertia tanto com um musical desde que "Chicago" foi lançado lá em 2003. Mesmo sabendo apenas refrões das canções da banda sueca, o filme empolga. Os três inspirados atores que interpretam os possíveis pais da menina (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard) roubam a cena e protagonizam 8 entre 10 piadas do filme. Mas não apagam a sempre surpreendente Meryl Streep, que esbanja fôlego em todas as suas canções. O tratamento dado às cenas do filme, apoiadas à belíssima paisagem das ilhas gregas, somam ao espetáculo visual que o filme oferece. Mais do que se espera de um musical. O ritmo do filme cai depois da primeira hora e chega até a ficar um tanto lento, se recuperando no final. Mas é diversão garantida. Principalmente a dois. E eu truco qualquer um que saia da sessão sem cantarolar nada.
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Nota 8,0
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Trailer:

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Caos em São Paulo

Meirelles choca a platéia... de novo.
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ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
(Blindness; CAN/BRA/JAP, 2008)
Dir.: Fernando Meirelles
Com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael Garcia Bernal, Danny Glover
2h00 min - Drama - 16 Anos
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Ligar o computador, acessar o site, ler a crítica. Checar e-mail. Dirigir até o trabalho. Comer. Esta crítica até poderia começar a falar da importância da visão no dia-a-dia. Poderia citar exemplo de deficientes visuais que superaram obstáculos e venceram. Mas neste filme, o foco não deve ser este. Não pode ser. Não é mais um filme sobre a desconstrução do relacionamento humano, ou sobre vencer a vida. É um retrato cru do caos, da tirania e da (porque não?) esperança. Com uma São Paulo caótica de fundo e com atores internacionais estrelando uma história que não necessita nem de nomes para seus personagens.
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O filme começa com um cidadão ficando cego. Uma cegueira onde se vê tudo branco. E todos aqueles que entram em contato com eles também perdem a visão. Logo, uma epidemia que instala o pânico generalizado e força o governo a tomar medidas drásticas e isolar os contaminados. E no isolamento, são abandonados à sua própria sorte, com superlotação, comida escassa e sem quaisquer condições mínimas de higiene. O problema é que lá dentro, um grupo resolve controlar a distribuição de alimentos e esse desequilíbrio na "democracia" faça tiranos de uns e vítimas de outros. A vantagem das vítimas é justamente a personagem de Julianne Moore, a única que consegue ver.
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"Agora não amorzinho... não consigo dormir..."

Dizer que Meirelles é um diretor (muito, mas muito mesmo) acima de sua geração não é mais uma constatação assustadora. E nesta adaptação do premiado livro de José Saramago, a história não é diferente. Apoiado na câmera inquieta de César Charlone e na edição fantástica de Daniel Resende, o filme prende até mesmo o espectador mais incrédulo na cadeira, em especial, durante a sequência do isolamento dos cegos. E falar que sua capacidade de analisar minuciosamente os personagens e os ambientes só faz com que o filme fique mais rico e intrigante. Não é para os estômagos mais fracos, devido às cenas (fortes) de violência, estupro e das situações extremistas pelas quais os personagens passam ao longo do filme. As atuações, inspiradas ajudam a desenvolver o clima apocalíptico da trama. E destaque para Gael Garcia Bernal, como o "Rei da Ala 3". Tecnicamente, um filme perfeito. Em termos de história e de ritimo, o filme pode até pecar em alguns pontos, mas nada afeta a capacidade de Meirelles em contar uma história crua e sem restrições. É cinema de primeira qualidade. Com um brasileiro no comando.

Nota 8,5
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Trailer:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Rindo de si mesmo

Ben Stiller comanda a melhor sátira dos últimos anos.
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TROVÃO TROPICAL
(Tropic Thunder; EUA, 2008)
Dir.: Ben Stiller
Com Ben Stiller, Jack Black, Robert Downet Jr., Tom Cruise, Nick Nolte
1h47 min - Comédia - 16 Anos
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Se rir é o melhor remédio, rir de si próprio pode ser melhor ainda. O exercício é válido. Ben Stiller, ator que vinha sofrendo com recentes filmes, optou pela contramão de tentar se redimir dentro de sua própria fórmula. Não que ele mude de gênero ou construa um personagem mais profundo. Ele comanda (literalmente) o show: Dirige, escreve, produz e atua neste "Trovão Tropical, sátira ao cinema Hollywoodiano em grande estilo.
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Começa na produção do filme (dentro do filme) "Trovão Tropical", em uma sequência onde tudo dá errado e os dois astros entram em conflito. A produção do filme é paralizada e o estúdio ameaça a cancelar o filme. Como solução, o pelotão principal é enviado a uma selva de verdade com o intuito de realizar um laboratório intensivo de comportamento numa guerra. O problema é que depois de um acidente inusitado, guerrilheiros reais começam a espreitar o grupo, enquanto alguns continuam acreditando que eles estão encenando.
."Você também é o Homem de Ferro?"
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O filme é uma luz em meio a tantas comédias ruins recentes. O trio principal (Stiller, Black e Downey Jr.) inspiradíssimo conseguem levar a comédia de forma tranquila. Só de apresentar os personagens principais utilizando-se de comerciais e trailers falsos hilariantes ajudam a dar o tom do filme pelas quase duas horas a seguir. Mas o que brilha no filme é a crítica ácida (ainda que possívelmente exageirada) ao comportamento das personalidades do cinema: Desde os astros e seus exageiros aos "donos do dinheiro". Temos o ator viciado em drogas, o astro que não lê seus roteiros, o ator descerebrado, o dono de estúdio ganancioso, o agente que acima de tudo mima seus atores, e por aí vai... Tudo com boas atuações do elenco em geral e diálogos tão engraçados quanto as situações do filme. Comédia de primeira. E com atores rindo deles mesmos.
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Nota 9,0
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Trailer: