domingo, 28 de dezembro de 2008

Amor Canino

E 2008 fecha em grande estilo!

MARLEY & EU
(Marley & Me; EUA, 2008)
Dir.: David Frankel
Com Owen Wilson, Jennifer Aniston, Alan Arkin, Kathleen Turner
2h00min - Comédia - Livre


Se tiverem de me rotular um dia, dirão que sou uma pessoa que prefere cachorros do que gatos. Eu tenho três cães na família: Bob, Nick e Dorinha. Cada um com sua história em particular, mas que não quer dizer necessariamente que gosto mais de um do que de outro, apesar de Bob ser o meu cão. E desde 1998, Bob esteve presente em todos os momentos-chave de minha vida. Bom momento ou mau momento, ele sempre esteve do meu lado. Sem rodeios. Só tendo e amando um cachorro para se ter uma idéia do que é o amor incondicional de um cachorro. E para entender por completo a essência desta pérola de fim de ano que é "Marley & Eu".

O filme, baseado no livro de John Grogan, narra os principais fatos da vida de um cão que, acredite ou não, existiu de verdade (o Marley do título). Chamado de o "pior cão do mundo", por sua hiperatividade, sua necessidade de mastigar objetos e sua facilidade de se meter em encrencas, Marley acompanha durante a sua vida a evolução da família Grogan. Não posso falar mais do que isto. Sério. 

"Que legal, a cabeça dele sai..."

Repito: Se você não gosta de cachorros, então você, provavelmente, irá achar este mais um "filme-lencinhos" de fim de ano. Tem os momentos em que a platéia se mata de rir, os momentos família e os momentos onde o ar da sala pode arder um pouco os olhos. O filme gira em torno do cão. Fato. A fase de crescimento é divertidíssima (ainda mais quando consideramos que Marley não e ficção), mas o grande mérito do filme (e do livro também) é focar na forma como a família é afetada pelo personagem-título. E acima de tudo, como um cão, por mais simples que ele possa lhe parecer, traz a sobriedade e sinceridade que falta em muitas coisas do seu dia-a-dia. O cão é amigo. O cão é direto, sem rodeios. Como este filme. Prepare os lencinhos, aproveite o programa, volte para casa e dê aquele abraço no seu companheiro, que certamente estará lhe esperando quando voltar.

Nota 9,0

Trailer:

domingo, 21 de dezembro de 2008

Encontro com as origens

Madagascar melhora o pique e garante o verão.

MADAGASCAR 2 - A GRANDE ESCAPADA
(Madagascar: Escape 2 Africa)
Dir.: Eric Darnell e Tom McGrath
Com as vozes de Ben Stiller, Chris Rock, Jada Pinkett-Smith, David Schwimmer
1h29 min - Comédia/Animação - Livre


Em 1994, a Disney trouxe às telonas um de seus maiores clássicos: O Rei Leão. Muito bem feito, personagens engraçados, história comovente (marca tradicional da empresa) e lições de moral que foram compreendidos por todos. Em 2005, a Dreamworks, que tinha no currículo boas sátiras em termos de animação (ou alguém aí ainda não ouviu falar de Shrek?) lança a sua versão de bichinhos selvagens com "Madagascar". Ácido, irreverente, bons diálogos e quatro pinguins. Mas ainda faltava algo. E agora, no fim de 2008, a versão de "O Rei Leão", mas com os personagens de 2005.

"A Grande Escapada", começa exatamente de onde o original parou: Os quatro amigos Alex, Marty, Glória e Melman deixando a ilha de Madagascar. O Rei Julian empresta um avião aos pedaços e depois de uma hilária decolagem, o avião acaba por cair no meio do continente, onde os protagonistas terão de entrar em contato com suas origens e aprender que seu lado selvagem pode lhes render muito mais do que alguns aplausos no zoológico.

"Boneca de palha? Que boneca de palha?"

O maior mérito desta animação, foi conseguir sair da sombra do original. Isso não é novidade, em termos de filmes animados, mas aqui, cria-se uma nova história sem necessariamente se prender ao passado. Novos personagens, melhores piadas. Madagascar se superou e criou um filme melhor. Mas há ressalvas. A tradicional parte do filme onde tudo dá errado se estica demais e algumas histórias que se tornavam interessante acabam se arrumando muito rapidamente. Há a apologia (ainda que relâmpago) ao brio norte-americano/nova-iorquino, mas nada que estrague o espetáculo. As férias da criançada estão novamente garantidas.

Nota 8,0

Trailer

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Amadores e Profissionais

A volta dos Irmãos Coen no campo do (bom) sarcasmo.

QUEIME DEPOIS DE LER
(Burn After Reading; EUA/UK/FRA)
Dir.: Joel e Ethan Coen
Com George Clooney, John Malkovich, Frances McDormand e Brad Pitt
1h36 min - Comédia - 16 Anos

Para quem anda acompanhando o cinema recente, sabe que filmes dos irmãos Coen sempre trazem à tona temas conhecidos do público de um ponto de vista único. Mas a constante de seus filmes são sempre personagens aparentemente comuns, cometendo pequenos erros que causam consequências extravagantes. E sempre com uma mão precisa quando utilizam-se de sarcasmo. Depois de levarem quatro Oscar pelo excelente "Onde os Fracos Não Tem Vez", eles resolveram voltar ao sarcasmo puro.

O ex-agente da CIA, Osbourne Cox, é forçado a se aposentar e decide escrever suas memórias. O problema é que um CD com suas informações é encontrado em uma academia de ginástica por dois funcionários que, precisando de dinheiro, resolvem chantagear o espião em troca de uma boa bolada para resolverem seus problemas pessoais. 

"Cara, esse CD é da hora..."

Com um elenco estrelar, a história é cautelosamente estruturada para que nenhum dos personagens ganhe um plano acima de seus companheiros de cena. Todos são coadjuvantes. Todos estão empolgados e em grande forma. Destaque para as performances de George Clooney e Brad Pitt, mas em especial para John Malkovich, que consegue arrancar gargalhadas da platéia a cada quatro cenas que aparece. Mas todos eles, sem exceção fazem de "Queime Depois de Ler", um filme magnífico, repleto de diálogos hiláriantes, personagens caricatos, situações extraordinárias, e uma ou outra cena mais chocante no meio para que a história mantenha o misto de suspense e comédia que um filme dos Irmãos Coen pede. Não espere um final marcante ou surpreendente. Tenha como base a própria conclusão do último diálogo do filme. Ou não seria um filme dos irmãos Coen.

Nota: 9,5

Trailer:

domingo, 30 de novembro de 2008

Sem confiança

Para quem gostou de "A Bruxa de Blair"...

[•REC]
(ESP, 2007)
Dir.: Jaume Balagueró e Paco Plaza
Com Manuela Velasco, Ferran Terraza, Jorge Serrano, Pablo Rosso
1h20 min - "Terror" - 18 anos

Não sou a sua fonte mais confiável para filmes de terror. Ao menos não devo ser. O que acontece? O que realmente te assusta ou me assusta? Será o "feio"? Será a proximidade com o real? Quando entro numa sala escura, para ver um filme de terror, não espero por um ou dois pulos na cadeira. Eu quero realmente me arrepiar. Me sentir inseguro na minha confortável poltrona e esquecer que tudo aquilo que estou presenciando é uma mera projeção de luz acompanhada por um audio de alta qualidade. Entrar de cabeça no filme. Mas aparentemente. Não devo ser a sua fonte mais confiável para lhe indicar um filme do gênero.

Tudo começa com uma equipe de reportagens acompanhando toda a rotina de uma brigada de bombeiros. Até que em meio ao que parecisa ser mais uma noite tediosa de um programa de televisão enfadonho, se transforma em puro "terror" (desculpe, não pude resistir...) quando respondem uma chamada em um prédio macabro no centro da cidade. 

"Sai da frente... Que nojo..."

A idéia é a mais nova verve do cinema de terror: Ação em primeira pessoa. Passado o fenômeno de Cloverfield e pegando onda no lançamento "Quarentena" (a versão americana),  colocar o espectador assistindo diretamete ações e reações de um dos personagens. E isso acaba por favorecer: Quando não queremos olhar para o que é "feio", a câmera fecha e o susto se torna inevitável, e quando queremos identificar alguma coisa, a câmera muda de ponto. Funciona como uma luva para prender o espectador. Outro ponto positivo a ser ressaltado no filme é a composição de cenário: A direção de arte está impecável, criando o edifício mais macabro do cinema atual. O resto... Bem, o resto é pura decepção: Atores chatos, história previsível, sustos antecipados. Na telona, pode te prender. Na telinha, será um desastre. Todo aquele "hype" com o teaser mostrando as reações aterrorizadas não refletem o que o filme foi. Mas novamente, esta é a minha opinião... De alguém que provavelmente, não deve ser a sua fonte mais confiável para indicar um filme de terror.

Nota 5,0

Trailer:


P.S.: Estou reconsiderando a classificação de gênero do filme "Cloverfield" para aventura. Porque Cloverfield além de tudo é divertido.

domingo, 23 de novembro de 2008

Fora do eixo

Um triângulo amoroso com a cara de Woody Allen

VICKY CRISTINA BARCELONA
(EUA/ESP, 2008)
Dir.:Woody Allen
Com Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz
1h36 min - Comédia - 12 anos 

Woody Allen não é para todos os gostos. Muitos, aliás, torcem o nariz para o cineasta. Mas Allen, é indubtavelmente um excelente escritor, fora suas outras características que o fizeram um dos maiores nomes do cinema atual. De vez em quando, ele se permite sair do seu cenário confortável (que rende filmes, digamos "pacatos") para se revelar um verdadeiro "mestre de seu domínio". Histórias, ainda que simples, estruturadas com diálogos excepcionais. 

E em seu novo filme, Allen conta a história de duas amigas que decidem passar o verão em Barcelona. Vicky e Cristina, (Rebecca Hall e Scarlett Johansson respectivamente) viajaram com propósitos diferentes: Uma está pesquisando informações para concluir seu mestrado. A outra está buscando uma aventura. E a aventura de ambas será encarnada pelo artista Juan Gonzales (Javier Bardem), que lhes apresentará algo muito mais complexo do que uma cantada direta e um fim de semana em Oviedo.

"Acho que eu não entendi a piada..."

Apesar do parágrafo de abertura deste post, Vicky Cristina Barcelona pode não ser Allen no topo de seu jogo, mas com certeza apresenta situações que somente poderiam ter saído da mente do autor. Mesmo com a pecaminosa narração que deixa o filme um tanto preguiçoso e uma ou outra atuação mais distante, o filme ganha força com a entrada da explosiva personagem de Penélope Cruz (roubando a cena), como a temperamental ex-esposa de Gonzales, formando um curioso triângulo amoroso. Tudo isso com uma fotografia inspirada e uma belíssima trilha sonora, cruciais para a ambientação. Uma interessante fábula sobre a busca pelo equilíbrio interno com direito a algumas pinceladas sobre a incansável busca pela definição do amor. Allen mais uma vez se permitiu sair de sua toca. Ainda que com um pé atrás.

Nota 8,0

Trailer:

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Bourne Inglês

007, na continuação de seu melhor filme.

007 - QUANTUM OF SOLACE
(idem; EUA, 2007)
Dir.: Marc Forster
Com Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Judi Dench
1h46 min - Ação - 10 anos


Como já foi dito antes, as aventuras do espião Jason Bourne, e seu tamanho bom gosto para sequencias de ação (créditos ao diretor inglês Paul Greengrass, que injetou ainda mais adrenalina na série) fez escola. E o espião mais famoso do cinema teve muitas de suas aventuras reduzidas à meras sessões da tarde. Cassino Royale desembarcou nos cinemas no fim de 2006, para mostrar que Bond era capaz de se machucar, se estrepar e até perder (no mesmo filme). Teve gente que torceu o nariz, dizendo que Bond perdera a classe. A outra (esmagadora) parte, embarcou nas radicais mudanças e lotaram os cinemas para conferir a melhor aventura do espião. A sequência, inevitável como sempre, finalmente chega aos cinemas.

O filme começa alguns minutos após a conclusão de Cassino: Uma perseguição de carros onde o protagonista leva o Sr. White para o interrogatório. E lá descobrem os primeiros indícios de uma poderosa organização - a Quantum... Entendeu o título? - que utiliza-se de fachadas beneficentes para levantar fundos e consequentemente controlar os governos das nações do planeta. E no meio de tudo isso, James Bond investiga os culpados pela morte de Vesper Lynn (a mocinha de Cassino Royale).

"Põe o sapato que ainda falta muito..."

O filme ganha muitas cenas de ação para quem reclamou da falta deles: Logo na primeira meia-hora, temos perseguição de carro, perseguição a pé, pancadarias, e perseguição de carro. O diretor Marc Forster adiciona ao seu elástico portfólio (considerando que ele é o mesmo diretor de filmes como "Em Busca da Terra do Nunca", "A Última Ceia" e "Mais Estranho que a Ficção", para citar alguns) takes de forma calculada e precisa, colocando o espectador no olho da ação. Mas o filme não é apenas adrenalina. Perde-se um pouco com uma história consideravelmente simples, além de contar com um dos piores vilões da série. Nada de diferente, nada de peculiar, nada a acrescentar se não fosse pela tamanha semelhança física com o personagem Augustinho da Grande Família. De resto, um filme calculado para encaixar-se perfeitamente entre Cassino Royale e a terceira parte, fruto dos inúmeros ganchos que o filme deixa. Mas o importante é que James Bond está de volta. E promete voltar novamente em breve.

Nota: 8,0

Trailer

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Maturidade Zero

Will Ferrell no estilo clássico.

QUASE IRMÃOS...
(Step Brothers; EUA, 2008)
Dir.: Adam McKay
Com Will Ferrell, John C Reilly, Mary Steenburgen, Richard Jenkins
1h38 min - Comédia - 14 Anos


Will Ferrell é um ator que ainda não é muito conhecido no país. Uma pena. Seus filmes, contam com excelentes piadas e humor pastelão de primeira qualidade. E suas sátiras são certeiras nos estereótipos e suas gags que primam sempre pelo improviso, (visto sempre nos extras dos DVDs de seus filmes) são acompanhados pelo jeitão histérico e non-sense de seus personagens. Dito isso, não espere uma comédia cerebral deste "Quase Irmãos", ainda mais por ser assinada pelo mesmo diretor de alguns de seus grandes sucessos, como "O Âncora - A Lenda de Ron Burgundy" e "Ricky Bobby - A Toda Velocidade".

Brennan e Dale são dois quarentões mimados que ainda vivem respectivamente com sua mãe e seu pai. Quando os dois pais decidem juntar os trapos, os marmanjos terão de dividir o mesmo teto, mesmo que isso implique em perder a privacidade e sem necessariamente tendo que gostar um do outro.

"Quando você dormir eu vou te arrebentar..."

A premissa pode parecer boba, mas a verdade é que a primeira hora do filme é sensacional (considerando que você resolveu adotar o estilo bestalhão do filme). Ferrell e John C. Reilly garantem seu ingresso com piadas insanas, brigas infantis e o tradicional pastelão para o qual muita gente insiste em torcer o nariz. E ainda há tempo para falar sobre amadurecimento, mesmo que dita em uma parte onde o filme perde um pouco o fôlego, mas não o propósito. Contra-indicado para amantes do cinema cult, clássico ou de comédias-cabeça. Mas se você já é familiarizado com a histeria, pode se sentir a vontade. E é sempre bom se sentir uma criança vez ou outra. Mesmo que não sejam as suas dores.

Nota 8,5

Trailer:

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Policial Express

De Niro e Pacino se encontram em um filme irregular.

AS DUAS FACES DA LEI
(Righteous Kill; EUA, 2008)
Dir.: Jon Avnet
Com Robert DeNiro, Al Pacino, John Leguizamo, Carla Gugino
1h42 min - Policial - 16 Anos


O cinema também vive de expectativas. Mesmo que não se concretizem, todos anseiam por ver grandes atores contracenarem. "Onze Homens e um Segredo" (escolha a sua versão) é o típico exemplo. Filmes bem recebidos pela crítica e sucesso absoluto de público. Em 1995, dois dos maiores ícones (em termos de atores) da história se reuniram em um filme impecável: "Fogo Contra Fogo". Al Pacino e Robert DeNiro dão um show em um dos melhores policiais já realizado por aqueles lados. E agora, 13 anos depois, o reencontro. E mais expectativas.

Turk e Rooster são dois parceiros policiais de longa data, além de se considerarem melhores amigos. Mas depois de tanto tempo na polícia, e de ver tantos criminosos saírem impunes, se deparam com um Serial Killer que está fazendo justiça com as próprias mãos e deixa na cena do crime como marca registrada, um poema sobre a vítima.

"Cara, fala mais devagar... Dor de cabeça..."

O filme, dentre algumas qualidades se destaca pela pressão que a história tem. E essa pressão funciona a medida em que vamos nos aproximando de descobrir o assassino da história. Mas todo o resto do filme parece ter sido feito de forma descompromissada. Até mesmo os astros principais parecem relaxados demais para um filme que deveria se levar a sério. O roteiro, começa de forma promissora e acaba se dissipando até sua conclusão previsível e inosso, sem contar nos inúmeros desenvolvimentos de personagens secundários que não nos leva a lugar algum. Comparar com o outro encontro dos astros não será necessário. O patamar ja estava alto demais.

Nota: 6,5

Trailer:

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Que Fôlego!

Mais um musical que ganha a telona

MAMMA MIA!
(Mamma Mia!; EUA, 2008)
Dir.: Phyllida Lloyd
Com Meryl Streep, Pierce Brosnan, Colin Firth, Stellan Skarsgard
1h40 - Musical - 10 Anos
.

No começo do ano, ao ver as inúmeras reportagens sobre filmes de 2008, a que eu botava menos fé era numa versão para as telonas do musical "Mamma Mia!". Não pergunte porque. Era um feeling. Algo me dizia que não seriam miutas pessoas que pagariam para ver uma coletânea de músicas do Abba cantadas por Meryl Streep e Pierce Brosnan. E hoje, pago minha língua. "Mamma Mia!" é além de uma grata surpresa, divertido a beça.
.
Para quem nunca havia ouvido falar da história, ou não viu nenhum trailer nos últimos três meses nas salas de projeção: Menina decide se casar. Descobre que pode ser filha de três homens distintos e portanto, resolve convidar os três, para que possa conhecer seu verdadeiro pai depois de 20 anos. 
.
"E aí? Tá a fim de cantar mais uma?"
.
A verdade é que não me divertia tanto com um musical desde que "Chicago" foi lançado lá em 2003. Mesmo sabendo apenas refrões das canções da banda sueca, o filme empolga. Os três inspirados atores que interpretam os possíveis pais da menina (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard) roubam a cena e protagonizam 8 entre 10 piadas do filme. Mas não apagam a sempre surpreendente Meryl Streep, que esbanja fôlego em todas as suas canções. O tratamento dado às cenas do filme, apoiadas à belíssima paisagem das ilhas gregas, somam ao espetáculo visual que o filme oferece. Mais do que se espera de um musical. O ritmo do filme cai depois da primeira hora e chega até a ficar um tanto lento, se recuperando no final. Mas é diversão garantida. Principalmente a dois. E eu truco qualquer um que saia da sessão sem cantarolar nada.
.
Nota 8,0
.
Trailer:

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Caos em São Paulo

Meirelles choca a platéia... de novo.
.
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
(Blindness; CAN/BRA/JAP, 2008)
Dir.: Fernando Meirelles
Com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael Garcia Bernal, Danny Glover
2h00 min - Drama - 16 Anos
.
.
Ligar o computador, acessar o site, ler a crítica. Checar e-mail. Dirigir até o trabalho. Comer. Esta crítica até poderia começar a falar da importância da visão no dia-a-dia. Poderia citar exemplo de deficientes visuais que superaram obstáculos e venceram. Mas neste filme, o foco não deve ser este. Não pode ser. Não é mais um filme sobre a desconstrução do relacionamento humano, ou sobre vencer a vida. É um retrato cru do caos, da tirania e da (porque não?) esperança. Com uma São Paulo caótica de fundo e com atores internacionais estrelando uma história que não necessita nem de nomes para seus personagens.
.
O filme começa com um cidadão ficando cego. Uma cegueira onde se vê tudo branco. E todos aqueles que entram em contato com eles também perdem a visão. Logo, uma epidemia que instala o pânico generalizado e força o governo a tomar medidas drásticas e isolar os contaminados. E no isolamento, são abandonados à sua própria sorte, com superlotação, comida escassa e sem quaisquer condições mínimas de higiene. O problema é que lá dentro, um grupo resolve controlar a distribuição de alimentos e esse desequilíbrio na "democracia" faça tiranos de uns e vítimas de outros. A vantagem das vítimas é justamente a personagem de Julianne Moore, a única que consegue ver.
.

"Agora não amorzinho... não consigo dormir..."

Dizer que Meirelles é um diretor (muito, mas muito mesmo) acima de sua geração não é mais uma constatação assustadora. E nesta adaptação do premiado livro de José Saramago, a história não é diferente. Apoiado na câmera inquieta de César Charlone e na edição fantástica de Daniel Resende, o filme prende até mesmo o espectador mais incrédulo na cadeira, em especial, durante a sequência do isolamento dos cegos. E falar que sua capacidade de analisar minuciosamente os personagens e os ambientes só faz com que o filme fique mais rico e intrigante. Não é para os estômagos mais fracos, devido às cenas (fortes) de violência, estupro e das situações extremistas pelas quais os personagens passam ao longo do filme. As atuações, inspiradas ajudam a desenvolver o clima apocalíptico da trama. E destaque para Gael Garcia Bernal, como o "Rei da Ala 3". Tecnicamente, um filme perfeito. Em termos de história e de ritimo, o filme pode até pecar em alguns pontos, mas nada afeta a capacidade de Meirelles em contar uma história crua e sem restrições. É cinema de primeira qualidade. Com um brasileiro no comando.

Nota 8,5
.
Trailer:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Rindo de si mesmo

Ben Stiller comanda a melhor sátira dos últimos anos.
.
TROVÃO TROPICAL
(Tropic Thunder; EUA, 2008)
Dir.: Ben Stiller
Com Ben Stiller, Jack Black, Robert Downet Jr., Tom Cruise, Nick Nolte
1h47 min - Comédia - 16 Anos
.

Se rir é o melhor remédio, rir de si próprio pode ser melhor ainda. O exercício é válido. Ben Stiller, ator que vinha sofrendo com recentes filmes, optou pela contramão de tentar se redimir dentro de sua própria fórmula. Não que ele mude de gênero ou construa um personagem mais profundo. Ele comanda (literalmente) o show: Dirige, escreve, produz e atua neste "Trovão Tropical, sátira ao cinema Hollywoodiano em grande estilo.
.
Começa na produção do filme (dentro do filme) "Trovão Tropical", em uma sequência onde tudo dá errado e os dois astros entram em conflito. A produção do filme é paralizada e o estúdio ameaça a cancelar o filme. Como solução, o pelotão principal é enviado a uma selva de verdade com o intuito de realizar um laboratório intensivo de comportamento numa guerra. O problema é que depois de um acidente inusitado, guerrilheiros reais começam a espreitar o grupo, enquanto alguns continuam acreditando que eles estão encenando.
."Você também é o Homem de Ferro?"
.
O filme é uma luz em meio a tantas comédias ruins recentes. O trio principal (Stiller, Black e Downey Jr.) inspiradíssimo conseguem levar a comédia de forma tranquila. Só de apresentar os personagens principais utilizando-se de comerciais e trailers falsos hilariantes ajudam a dar o tom do filme pelas quase duas horas a seguir. Mas o que brilha no filme é a crítica ácida (ainda que possívelmente exageirada) ao comportamento das personalidades do cinema: Desde os astros e seus exageiros aos "donos do dinheiro". Temos o ator viciado em drogas, o astro que não lê seus roteiros, o ator descerebrado, o dono de estúdio ganancioso, o agente que acima de tudo mima seus atores, e por aí vai... Tudo com boas atuações do elenco em geral e diálogos tão engraçados quanto as situações do filme. Comédia de primeira. E com atores rindo deles mesmos.
.
Nota 9,0
.
Trailer:

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Duelo de Titãs

Jackie Chan e Jet Li lutam, mas depois fazem as pazes nesta aventura para toda a família.

O REINO PROIBIDO
(The Forbidden Kingdom; EUA, 2008)
Dir.: Rob Minkoff
Com Jackie Chan, Jet Li, Michael Angarano, Yifei Liu
1h53 min - Aventura - 12 Anos
.

Outra onda que o cinema tem as vezes é a idéia do "versus". Alien versus Predador. O ultrapassado (porém não finado) Robocop X Exterminador do Futuro. Jet Li X Jason Statham. O Godzilla então, enfrentou um monte... Enfim, o conceito básico é pegar dois ícones do cinemão e colocá-los frente a frente. E como, mais uma vez, a China é a verve do momento, nada mais natural do que colocar os chineses Jackie Chan e Jet Li no mesmo filme. Mas neste caso, felizmente, não é apenas uma questão de "versus".
.
O filme começa bem longe da China: Um garoto obsecado por filmes de luta é pressionado pelos valentões da escola para que ele arrumasse uma forma de descontar cheques roubados. Ele acaba levando os valentões na loja onde compra os filmes de um simpático ancião. Uma tragédia ocorre e o garoto (o nome dele é Jason, por sinal) acaba de posse de um bastão mágico. Esse bastão o levará em uma viagem de volta no tempo, onde será ajudado por um Monge (Jet Li) e um Mendigo (Jackie Chan, o melhor do filme) a libertar o Rei Macaco (Jet Li, de novo), personagem que foi aprisionado há mais de mil anos.

"O que aquele garoto veio fazer nesse filme?"

O filme chegou a ser vendido como um embate entre os dois. A luta acontece. Não enche os olhos, não surpreeende e provavelmente não será o que você espera. Mas o filme já ganha por ter Chan e Li lutando sem a ajuda de fios na maior parte das cenas de luta. O enredo, por mais que batido diverte bastante e garante o programa. Mas há falhas. Um buraco ou outro no roteiro, piadinhas um pouco abaixo de um filme de Jackie Chan e até as cenas de luta pode frustrar. Mas que os dois protagonistas têm química, ninguem pode negar. Definitivamente um filme que não entrará para esse triste sub-gênero dos "versus". Chan e Li são melhores lutando do mesmo lado. Melhor assim.
.
Nota 7,0
.
Trailer:


domingo, 24 de agosto de 2008

O Anti-Bourne

Angelina Jolie e James McAvoy quebram as leis da física

O PROCURADO
(Wanted; EUA/ALE, 2008)
Dir.: Timur Bekmambetov
Com James McAvoy, Angelina Jolie, Morgan Freeman, Terence Stamp
1h50 min - Ação - 18 anos
.
.
Bourne fez escola. O estilo frenético de edição, a ação ininterrupta, os poucos momentos de tranquilidade. As atitudes extremas. Adicione a isso, graves distorções das leis da física, efeitos especiais em momentos apurados e total liberdade de movimentos de câmera (estes, cortesia justamente da quebra das leis da física e dos efeitos especiais em momentos apurados) e você tem um dos melhores filmes de ação do ano: O Procurado.
.
Começa parecido com o melhor filme de ação de 99: Rapaz trabalha em seu cubículo, levando uma vida patética e sem evolução. E aparece uma grande oportunidade de sair da rotina pelas mãos de uma mulher atraente para que ele possa desenvolver habilidades que até então não tinha conhecimento, por ter seu conhecimento limitado. Só que ao invés de libertar a humanidade, ele irá desenvolver habilidades que o tornará um dos maiores assassinos do planeta, se integrando a Fraternidade (uma "confraria" de Assassinos que matam pessoas para colocar ordem na sociedade) e caçando um agente rebelde que teria assassinado o pai do protagonista.
.
"Dirigir com os pés é bem mais legal do que parece..."

Se a idéia de quebrar as leis da física não lhe apetece, termine a crítica por aqui. O filme estabelece seu universo em menos de 10 minutos com uma sequência visualmente impactante, onde balas fazem curvas, pessoas conseguem atravessar prédios com impulsos e carros fazem manobras espetaculares em pleno trânsito. A reviravolta que a história toma lá pela metade coroa um enredo eficiente, ágil e com personagens caricatos, carismáticos e aceitáveis em um mundo onde tudo pode acontecer. Se você é faz parte do seleto grupo de pessoas que repele Matrix, seu programa não estará nesta sala de exibição. "O Procurado" usa e abusa da escola de ação que a trilogia Bourne inaugurou, mas utiliza-se de identidade própria para se estabelecer: Tudo o que a trilogia bebe em termos de "pé no chão" e realismo, "O Procurado" joga fora. Mas a diversão é igualmente garantida. E hoje em dia, qualquer ponta que Morgan Freeman faça no cinema anda valendo a pena.
.
Nota 9,0
.
Trailer

O fundo do poço

Adam Sandler toma o posto de Eddie Murphy no "rehab" dos comediantes.
.
ZOHAN - O AGENTE BOM DE CORTE
(You Don't Mess With The Zohan; EUA, 2008)
Dir.: Dennis Dugan
Com Adam Sandler, John Turturro, Rob Schneider, Emmanuelle Chriqui
1h 43 min - "Comédia" - 12 Anos

.

Ok. Eddie Murphy estava no fundo do poço. Aí ele fez "Dreamgirls" e fez "O Grande Dave", e tudo indica que seu próximo filme siga águas tranquilas. Mas com isso ele deve ter deixado um vácuo perigoso na galeria de atores que fazem más escolhas. Adam Sandler estava de bobeira e caiu feio. Bastou um roteiro tosco com piadas de quinta categoria e de um mal-gosto impressionante para que Sandler tomasse o maior de seus tombos.
.
Começa com o destemido agente do exército israelense Zohan procurando e combatendo Phantom, seu arqui-inimigo para se dar conta de que a guerra entre Israel e Paquistão não terá seu fim tão cedo, e assim forjasse a própria morte e recomeçasse sua vida em Nova York realizando seu maior sonho de vida: Ser cabelereiro. E com métodos inusitados ele ganha fama até que seus inimigos o encontrem e a guerra tome o cenário novamente.
.
"Esse visual não foi ideia minha"
.
Talvez o maior crime de "Zohan" seja mesmo apoiar-se em um humor que além de gasto, gera desconforto para o espectador. Em meio ao caos político e a instabilidade em que a região se encontra, as gags não caem tão bem, deixando o enredo patético. Sandler, que em raras ocasiões sai do seu tipo característico (que insiste em repetir nas comédias que faz) prova que seu humor deverá mudar de rumo urgentemente: Seu "ritual pós-tratamento" no salão é a prova cabal disso. Além do sotaque exagerado e irritante que adota no filme, o qual apenas uma pequena porcentagem de pessoas acharão hilário. Rob Schneider, figurinha fácil nos filmes do amigo faz um papel igualmente fraco, mas consegue gerar mais sorrisos amarelos do que o protagonista. E o terceiro nome, John Turturro, poderia fazer escolhas mais saudáveis no futuro. Sandler que já fez filmes engraçadíssimos, pelo menos tem esperança. Se Eddie Murphy conseguiu...
.
Nota: 1,5
.
Trailer


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ponto de Vista

Eddie Murphy tenta histórias espaciais

O GRANDE DAVE
(Meet Dave; EUA, 2008)
Dir.: Brian Robbins
Com Eddie Murphy, Elizabeth Banks, Gabrielle Union, Scott Caan
1h30 min - Comédia - 10 Anos



No post abaixo, falei sobre expectativas. E como ela pode atrapalhar a experiência de um filme. Pois bem. Eddie Murphy (com a exceção de Dreamgirls, em um papel completamente atípico) vinha emplacando filmes ruins, fracassos de crítica e de certa forma de público. Ou então, como explicar a sequencia de "O Professor Aloprado" ou ainda "Norbit"? Me perguntava, por onde andaria aquele comediante de filmes como "Os Picaretas", "48 Horas" e da trilogia "Um Tira da Pesada". E ainda com essa dúvida em mente, assisti a "O Grande Dave" com baixíssimas expectativas.

A história fala sobre um homem que caiu do espaço e começa a perambular pelas ruas de Nova York. Depois descobrimos que na verdade, se trata de uma nave espacial no formato de um homem, pilotada por miniaturas de seres humanos que vieram ao planeta Terra em busca de água salgada para garantir a sobrevivência de sua espécie. O problema aparece quando parte da tripulação começa a se apegar aos costumes dos terráqueos, graças às constantes e intensas interações que o exterior da nave (ou o Grande Dave) tem com a população.


"Se eles gostarem desse, te chamo pra "Um Tira da Pesada"

Preciso confessar que gostei do filme. Não é um Eddie Murphy Clássico, mas depois de muito tempo, um Eddie Murphy que faz rir com um filme leve, despretensioso e que poderia pegar pesado em críticas ambientalistas (como ja vimos muito nos últimos anos). A história acerta ao fugir de piadas sobre flatulência, escatologias e bizarrices humanas (salvo as cenas do cachorro-quente e do provador de roupa, que devem ter sido incluídas só para satisfazer ao fã mais ardoroso do gênero pastelão). A fase de adaptação chega a arrancar sorrisos e o desenvolvimento da história, apesar de diminuir o ritmo, não faz feio ao resultado final. A dinâmica entre os tripulantes da nave pode ser exageirada e cheia de clichês, mas acontecem quando o espectador já está imerso no mundo de Dave, o que facilita a aceitação. As piadas sobre comportamento humano vem de brinde. Poderia ser melhor, mas ao pensarmos que é um roteiro que, entre um buraco e outro, poderia descambar para o ridículo e puxar o filme para baixo, o resultado. Sessão da tarde garantida. Pelo menos enquanto aguardamos "Um Tira da Pesada 4" para o ano que vem.

(Nota 7,0)

Trailer:

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ressucitando os Mortos

Mais uma franquia tenta se reinventar.
.
A MÚMIA - TUMBA DO IMPERADOR DRAGÃO
(The Mummy - Tomb of the Dragon Emperor; EUA, 2008)
Dir.: Rob Cohen
Com Brendan Fraser, Jet Li, Maria Bello
1h 52 min - Aventura - 12 anos


A expectativa pode derrubar a experiencia de assistir a um filme. Foi assim em 2001 quando "O Retorno da Múmia" foi lançado para dar continuidade à franquia iniciada com o pé direito em 99. A expectativa era grande e o filme... Bem, digamos que o primeiro tinha sido bem superior. E o filme solo do Escorpião Rei (vilão sem graça que tirou os holofotes do verdadeiro vilão do segundo filme - a Múmia, oras!) fracassou nos cinemas, vídeo e nas rodinhas de conversa. Como sempre tem alguém para desenterrar os mortos (desculpem o trocadilho...), tiveram a ideia de trazer de volta a finada franquia em um novo ambiente (China, sede das Olimpíadas e novo refúgio de Hollywood), com uma Múmia nova e as mesmas piadas.

Alex, o filho de Rick O´Connell (Brendan Fraser) cresceu, e como seus pais se torna um caçador de tumbas. Realiza seu sonho quando descobre a Tumba do Imperador Dragão (Jet Li, desperdiçado), um homem sedento por poder que foi amaldiçoado no passado e junto com seu exército enterrado no deserto. Mas, como de praxe, a múmia é desenterrada. E o Imperador Dragão convoca seu exército novamente para retomar a sua cruzada. Mas o clã dos O´Connell voltará a ativa para combater a nova ameaça.

"Duvido que você chute alto assim..."
.
Depois de assistir inúmeras vezes ao trailer deste filme, apesar de não ter me agradado, era a expectativa de uma nova guinada depois do fiasco do seu antecessor. Esperava um filme mais próximo ao primeiro, que tinha todo o charme que uma aventura de época tinha. Estava estampado que seria um show descontrolado de efeitos especiais e o humor desgastado no mesmo pique desde a primeira incursão, apesdar de algumas piadas trazerem um sorriso à tona. Mas este episódio sofre de outros males. O maior deles, a falta de química entre os personagens. Não que a substituíção de Rachel Weisz por Maria Bello tenha sido ruim, mas as cenas do casal principal do filme (em especial a sequência que ainda estão na Inglaterra) parecem ter sido tiradas de um quadro do Zorra Total. A franquia perde de vez a sua identidade e o vilão que por toda a campanha de marketing, prometia agitar o filme se esconde atras de efeitos especiais. E qualquer filme que faça Jet Li sair no braço com Brendan Fraser deveria repensar seus conceitos. Resumindo: O primeiro continua muito bom. O segundo continua muito ruim. E o terceiro episódio força a barra demais e fica no meio do caminho. Diversão para uma tarde descompromissada e nada mais.
.
(Nota 3,5)
.
Trailer:

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mundo Bizarro

Uma das franquias mais cultuadas dos anos 90 está de volta de forma moderada
.
ARQUIVO X - EU QUERO ACREDITAR
(The X-Files - I Want to Believe)
Dir.: Chris Carter
Com David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Billy Connolly
1h 42 min - Suspense - 12 Anos
.
.
Sextas a noite. Lá pelas 20hs começava um episódio inédito de Arquivo X. Nunca fui um fã assíduo da série, mas de vez em quando, em meio ao zapear de canais, eu topava com uma boa história mas algo completamente fora do normal. De invasão de baratas até alienígenas e conspirações, temas que gosto de ver, mas nada que me fizesse sentar religiosamente para assistir. Entre temporadas, em 98, o primeiro filme. Um bom filme por sinal. Não era preciso saber muito sobre o passado dos investigadores ou ter assistido às temporadas para entender e acompanhar o desenvolvimento da trama. Público e crítica responderam bem. Em 2002, o fim da série. E agora, 6 anos depois, o revival dos personagens.
.
A trama começa com o sumiço de algumas mulheres no estado de Virgínia, nos EUA. Uma delas detetive do FBI. Um padre que clama ter visões está auxiliando do caso e em meio às desconfianças, a agência resolve tirar o agente Fox Mulder do ostracismo. Mas ele precisa de sua inseparável parceira para resolver a situação. O problema, é que Dana Scully não quer mais reaver suas aventuras do passado e se dedicar apenas à sua carreira de médica.
.

"Mulder, só você acredita tanto assim..."

Um amigo meu me perguntou, fazendo alusão ao título do filme se eu queria e se eu tinha conseguido acreditar no filme. Respondi dizendo que queria, mas que poderia ter acreditado mais. Talvez o fã crônico do seriado saia desapontado do cinema. Eu como um frequentador mediano achei que foi um episódio longo e light da série. Sem ETs. Sem conspirações. Uma trama policial, que caberia a um filme diferente do gênero. Mas como os detetives são Mulder e Scully, algumas liberdades parecem ter sido tomadas. O diretor, no entanto, respeita os fãs (em meio a uma ou outra surpresa que podem decepcionar): Não enrola para desenvolver a história e o lado distorcido do mundo está presente, graças ao vilão estranho e seu propósito bizarro. O suspense é bom, mas a sensação é que poderia ser um tanto mais caprichado. Talvez sua impressão ao sair do filme seja inversamente proporcional à sua expectativa e ao quão fã da série você seja. Ou como meu amigo colocou: O quanto você quer acreditar?

(Nota 7,0)

Trailer:

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Reinvenção do Caos

O filme que o Coringa roubou.

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS
(The Dark Knight; EUA, 2008)
Dir.: Christopher Nolan
Com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Gary Oldman
2h32 Min - Ação - 12 Anos
.
.
No caminho de volta para casa, estava tentando entender porque eu gosto de cinema. Uma das características que consegui encontrar para essa minha paixão é a capacidade de se reinventar que o cinema tem. É claro que um filme como "O Poderoso Chefão" pode ser refilmado, mas jamais terá o impacto do original. Mas o gênero pode ser reinventado. Temos exemplares como "O Gângster" e "Estrada Para Perdição" para provar. E na nova verve do cinema - os quadrinhos - uma reinvenção era apenas questão de tempo. Em 2005, um dos heróis mais queridos ganhou uma roupagem nova (e impressionante), redefinindo o gênero e agora, ganha uma sequência que se não reinventa novamente, eleva o nível.
.
Conforme fomos deixados na espectativa ao final de Batman Begins, o Coringa (Heath Ledger, indescritível) orquestra um série de atentados à população de Gotham City com o simples pretexto de espalhar o caos e de ter como única exigência a revelação da verdadeira identidade de Batman. Isso quebra a ordem que a parceria entre Batman, o Tenente Gordon (Gary Oldman) e o promotor Harvey Dent conseguiram quando resolveram enfrentar os criminosos e prenderam um a um. O desenvolvimento impecável da trama se segue até os embates de um dos antagonismos mais clássicos da história dos quadrinhos. Falar além disso seria estragar uma das melhores sessões de cinema até agora.
.
"Roubei seu filme, Batman!!!"
.
Se Heath Ledger nunca havia entregue uma atuação sólida, seu Coringa é impressionante. Um produto do caos, como ele mesmo afirma no filme. Se Batman ganhou seriedade no seu filme-origem, aqui ele ganha uma dimensão de herói. Se Batman Begins era o melhor filme de super-heróis até então, ele acaba de perder o posto. "O Cavaleiro das Trevas" é um filme sombrio, (muito) violento, insano e surpreendente. Tudo aqui é para fazer o espectador sentir o medo que o cidadão de Gotham sente e temer pela vida do próprio Batman. Mas o dono do filme é mesmo Heath Ledger. É claro a dedicação e o mergulho na vida deste memorável personagem que o ator fez. Um trabalho digno de premiações (infelizmente póstumas). Um vilão para entrar para a história do cinema. Anárquico, engraçado, sombrio, Ledger põe em seu vilão duas características que todo bom vilão deve ter: A capacidade de fazer com que os espectadores vibrem toda vez que ele está em cena e a sensação paralela de medo na mesma situação.
.
Portanto, se você é da turma adepta do "Soc! Tum! Pow!", pode ser que a versão de Tim Burton lhe faça melhor. Não caia na tentação de comparar os dois Coringas. Jack Nicholson (que também rouba a cena de Batman no primeiro filme) fez um vilão para os moldes e para a cultura dos anos 80. E o novo Batman faz o mesmo para um mundo que teme pela violência e pelo seu futuro. É o cinema reinventado. E porque eu gosto tanto de cinema.
.
(Nota 10,0)
.

Trailer:

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Bom, o Mau e o Gordo

A febre de programas e produtos sobre a China ganha sua versão mais divertida com esta animação para todos os públicos

KUNG-FU PANDA
(Kung Fu Panda)
Dir.: Mark Osborne, John Stevenson
Com as vozes (dubladas) de Lucio Mauro Filho, Juliana Paes. (Legendado) Jack Black, Dustin Hoffman e Angelina Jolie
1h32 min - Animação/Comédia - Livre

.
.
Depois de anos consolidada no mercado de animação, a Disney (e a Pixar) ganharam um concorrente de peso nas férias escolares desde Julho/99. A Dreamworks inaugurou sua divisão de animação com um dos personagens mais queridos dos ultimos tempos: Shrek. Desde então, em cada férias de meio de ano, somos brindados com duas animações. Quase que lançadas simultaneamente e impossível de não serem comparadas. Mas vou resistir à tentação (e à minha ideia original) e me ater somente a Kung-Fu Panda.
.
A história começa com Po. Um carismático Panda que sonha em ser um guerreiro, mas se atém à loja de sopas de seu "pai". Um belo dia, o ancião e líder dos cinco furiosos (os guardiões do vilarejo onde Po vive) escolherá o Dragão Guerreiro, uma espécie de guardião supremo para proteger os habitantes de Tai Lung, um Tigre que ameaça a paz local por sua força e alta capacidade de destruição. Po, que é indicado como candidato à vaga, passará por um rígido treinamento para realizar seu maior sonho.
.

"Skadoosh!"

É um daqueles típicos filmes onde crianças e adultos se divertirão sem compromisso. As piadas funcionam facilmente para todos os publicos e as risadas fluem quase que naturalmente. Com um personagem carismático como o Panda é colocado, ficou difícil para os roteiristas não se apoiarem nas inevitáveis piadas sobre obesidade. Isso não atrapalha o andamento da história (para as sequencias dos treinamentos e para a batalha final, funcionam muito bem), e Po acaba se tornando um personagem acima do nível dentre as animações da Dreamworks. Só é uma pena que os demais personagens não tenham sido tão bem trabalhados. Poderia ter incrementado uma história que acabou ficando como mais um filme de animação, sem muito destaque. De qualquer forma, um programa típico das férias.

(Nota 8,0)

Trailer:

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um Filme Universal

Mestre na arte de se reinventar, a Pixar entrega o melhor filme de seu currículo.
.
WALL-E
(Wall-E)
Dir.: Andrew Stanton
Vozes de Ben Burtt, Jeff Garlin, Sigourney Weaver
1h38 min - Animação/Comédia - Livre
.
.
Algumas vezes, temos a sorte de nos deparar com um filme atemporal. Verdadeiras poesias, impressas em celulóide. Filmes que conseguem falar com qualquer geração, sem precisar depender de fatos para satirizar ou conceitos para se apoiar. E filmes completamente surpreendentes, dos quais são impossíveis de desagradar até o mais crítico dos olhares. Este ano, este filme se chama "Wall-E".
.
Se Wall-E fosse um ser humano, ele seria Woody Allen. Como ele não tem um vocabulário extenso para se expressar, ele acaba sendo Charlie Chaplin. E ele está sozinho no planeta. Uma Terra deixada pelos humanos há 700 anos atrás devido à enorme quantidade de lixo produzida. Encarregados de tornar o planeta habitável, os "Wall-E" (Waste Allocation Load Lifter, Earth Class - em portugues algo como compactadores de lixo, classe Terra) são deixados para cumprir sua missão, mas apenas um deles sobrevive e acaba desenvolvendo uma personalidade, fruto de sua curiosidade por objetos peculiares que encontra entre os detritos. Até que um dia, uma nave chega do espaço e dela sai EVA (Examinadora de Vegetação Alienígena) por quem Wall-E desenvolve... Amor. E isso o fará ir até os confins do espaço (mais precisamente uma outra nave, Axiom, uma espécie de cruzeiro, eterno onde se encontram os humanos), para ficar junto de seu novo amor.
.
"Come Fly with me/let´s fly/let´s fly away..."
.
Não consigo encontrar uma palavra que consiga descrever "Wall-E". Talvez o mais próximo delas seria algo em torno de "Brilhante". É de fato um filme atemporal. Tem inúmeras referências ao cinema clássico e principalmente aos filmes de ficção científica (que variam de Fuga do Século 23, passando por Star Wars até 2001 - Uma Odisséia no Espaço). Não precisa fazer apelações para rir. Opta por utilizar um humor mais inteligente. O pequeno robô, dono de um carisma inacreditável, nos remete diretamente aos personagens mais clássicos de Chaplin. Seu humor é puramente físico, graças à sua profunda curiosidade e a certeza de seguir seus instintos. Ele é o personagen título, dono do filme e não se apoia em coadjuvantes para fazer rir. Ele se porta como a estrela maior.
.
O filme é pura poesia. Hilário, irreverente, crítico (dentre tantas que faz, a mais sagaz dela é sobre sedentarismo), sensível. "Wall-E" é um verdadeiro clássico, dentre tantos filmes que almejam isso. Mas acima de tudo, é um filme necessário. O grande filme a ser batido em 2008.
.
(Nota 10,0)
.
Trailer:
.
Obs.: A Pixar sempre nos brinda com excelentes curtas-metragens antes da exibição principal. Por favor, cheguem um pouco mais cedo no cinema para assistir a "Presto". Só mesmo uma exibição como "Wall-E" para vir a seguir.

domingo, 22 de junho de 2008

O Agente de 40 Anos

Emprestando um pouco de seus personagens anteriores, Steve Carrell se diverte nesta adaptação
.
AGENTE 86
(Get Smart; EUA, 2008)
Dir.: Peter Segal
Com Steve Carrell, Anne Hathaway, Alan Arkin, Dwayne "The Rock" Johnson
110 Min - Comédia - 12 anos
.
.
Você ja ouviu falar em Steve Carrell. O Virgem de 40 Anos. O reporter Evan Baxter de "Todo Poderoso". O chefe incompetente Michael Scott do hilariante seriado "The Office". A nova encarnação de Maxwell Smart, o Agente 86. Quando pensamos nele, pensamos em suas caretas genuínas, em seus gritos histéricos e sua veia comica original. Um dos atuais gênios da comédia física.
.
Agora, imaginem esse Steve Carrell, sendo arrastado por um carro em chamas e em alta velocidade, em um trilho de trem, na rota de colisão com uma locomotiva. Enquanto isso, tempo para as suas piadas, gags e (muito) bom humor. Esse é o clima de "Agente 86", comédia de ação baseada no famoso seriado da década de 60, criada pelos genios do humor Mel Brooks e Bucky Henry, como uma sátira aos filmes de espionagem em tempos de guerra fria. O filme foca na primeira missão do agente da CONTROL, precisando desbancar um perigoso esquema de Armas Nucleares, distribuída pela Agencia KAOS, a rival.
.
"Sim, é um sapatofone..."
.
Quando o assunto é ação, o filme não decepciona (muito pelo contrário, deixa muitos filmes do gênero em dívida) e quando o filme precisa ser engraçado, todos os holofotes focam na performance competente de Carrell, que carrega o filme de forma brilhante, com o tom pastelão esperado do astro. Um dos filmes que arrancou mais risadas deste blogueiro em um ano relativamente fraco para comédias (salvo raras exceções). Mesmo quem nunca havia ouvido falar em Maxwell Smart, pode abraçar a história facilmente e aproveitar o espetáculo. Uma ou outra falha na história e algumas atuações abaixo do esperado não estragam de forma alguma a diversão. Destaque para algumas pontas não-creditadas, cenas de saudável improviso e a aparição relâmpago de Bill Murray em uma cena curiosa, onde praticamente "passa o bastão" da comédia para Carrell.
.
(Nota 9,0)
.
Trailer:

sexta-feira, 20 de junho de 2008

De volta à "Grande Maçã"

Dois anos depois do fim da série, as quatro amigas de Manhattan voltam para satisfazer suas ávidas fãs.

SEX AND THE CITY - O FILME
(Sex and The City; EUA, 2008)
Dir.: Michael Patrick King
Com Sarah Jessica Parker, Cynthia Nixon, Kirstin Davis, Kim Catrall
145 min - Romance - 16 Anos
.


Para começar esse post, preciso especificar algumas coisas:

1-Assisti a poucos episódios de Sex and The City antes de conferir o filme. O suficiente para conhecer as personagens principais e o básico sobre cada uma delas.
2-Não faço ideia de como se parece um Manolo Blahnik
3-Nunca bebi um Cosmopolitan
.
Ok. Agora podemos continuar. Levei minha namorada para assistir a "Sex and the City - O Filme", devido a grande verve que a série é para ela. Tem todas as temporadas em casa e sempre assiste qualquer episódio de qualquer ponto que ele esteja. Sabe algumas falas de cor e salteado, e adora o figurino da série. E eu, como amador no que diz respeito a tudo isso fui pela diversão.
.
O filme trata basicamente da relação das quatro amigas cerca de dois anos após os acontecimentos do episódio derradeiro da série (que se encontrava em sua 6a temporada). Samantha estava em Los Angeles, longe das outras três amigas: Miranda com um casamento estável, Charlotte as voltas com sua filha adotiva e Carrie vivendo muito bem com o seu namorado, Mr. Big.
.
O filme é uma coleção de gags, intercalada com dramas particulares de cada uma das protagonistas. Uma decide se casar, outra engravida, a terceira descobre que foi traída pelo marido e a quarta... Bem... A quarta começa a se questionar sobre o que tem de certo e o que tem de duvidoso em sua vida.
.
"Podem rir... A gente vai fazer o segundo!!"
.

A trama fica até um pouco séria lá pelo meio. Mas as piadas funcionam. As "piadas para o povo" (leia-se os não familiarizados com a série de TV) fazem rir e as piadas para quem esperou mais de dois anos para ver o filme satisfazem e geram comentários para o pós-sessão. Mas é unânime as expressões felizes ao fim da exibição. Ah, e para quem interessar, o figurino está caprichado.
.
(Nota do blog: 8,0)
(Nota da namorada: 10,0)
.
Trailer:

Não pise na grama.

Shyamalan entra para o time de Al Gore em defesa do planeta, mas prefere assustar a platéia de uma forma mais convencional.

FIM DOS TEMPOS
(The Happening; EUA, 2008)
Dir.: M. Night Shyamalan
Com Mark Whalberg, Zooey Deschannel, John Leguizamo
91 min - Suspense - Censura 16 Anos

É estranho dar o pontapé inicial neste blog com um filme tão controverso como esse Fim dos Tempos.
.
"A Dama na Água" é ruim? "A Vila" você detestou? Se decepcionou com "Corpo Fechado"? Se a resposta for positiva para uma dessas afirmações, talvez na sala ao lado, o programa seja mais interessante... Bem, este blogueiro/crítico gostou de "A Vila", tem em "Corpo Fechado" um de seus filmes prediletos e achou a "Dama na Água" algo entre o "bonitinho" e o "decepcionante". Ah, e ainda considera M.Night Shyamalan em alto conceito. E com essa expectativa, fui assistir "Fim dos Tempos" no último fim de semana.
.
Para quem ainda não sabe, ou não ouviu falar, a premissa básica da história: Pessoas começam a se matar misteriosamente em alguns parques dos EUA. O que a princípio é tido como um ataque terrorista, toma outras formas depois que teorias começam a surgir sobre o que estaria afetando o senso de preservação dos habitantes comuns.
.
Sem tentar estragar quaisquer surpresas do espectador, digo que o filme precisa ser encarado como quem acredita que a premissa pode lhe trazer sustos e um final reflexivo. Sustos e o final reflexivo estão presentes, não se preocupem. O filme se limita a contar a história de um casal que precisa fugir da "onda" de suicídios coletivos (muitos deles bem... "gráficos"), ao mesmo tempo em que tentam estabilizar a relação. É um filme que esbanja muita tensão, mas no fim das contas acaba se tornando muito bizarro.
.
O diretor M. Night Shyamalan, que tem no currículo sucessos como "Sinais" e o excelente "O Sexto Sentido", aplica gradativamente mensagens de protesto em seus filmes contra algo que esteja acontecendo no mundo. Aqui o apelo é claro. Aquecimento global, planeta em crise, e como tratamos a "Mãe Natureza". A mensagem é transmitida de forma clara, mas em um veículo irregular. A direção de Shyamalan está lá, com suas tecnicas (hora um tanto desgastadas) e sua forte crença na história. Mas ao acender das luzes da sala de projeção, um vazio. E agora?

.
(Nota 6,0)

Trailer: