segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Mau Inteligente.

Ele tem uma câmera na mão. E algumas idéias erradas na cabeça.

O Abutre
(Nightcrawler; EUA, 2014)
Dir.: Dan Gilroy
Com Jake Gyllenhaal, Rene Russo, Bill Paxton, Riz Ahmed
1h57min - Suspense - 14 Anos


Um bom vilão, é um vilão inteligente.

O que usa sua capacidade intelectual para o mal. E que com ela, busca se beneficiar de uma certa oportunidade para benefício próprio, mesmo que algumas cabeças sejam cortadas no caminho. Bastaria um herói para dete-lo. Mas em "O Abutre", que tem muita coisa boa, não tem um mocinho para impedir o avanço desse protagonista. 

Em "O Abutre", esse protagonista é Louis Bloom, um vagabundo que vive de pequenos furtos e que procura um emprego fixo para obter melhor renda. Certo dia ao se deparar com um acidente de carro, percebe que pode fazer dinheiro fácil ao ver um homem filmando a tragédia para vender ao noticiário local. Com a câmera na mão, idéia na cabeça, conhecimento adquirido e um bom contato em um canal de TV, Louis começa a conquistar seu espaço em um lucrativo, porém, arriscado negócio.

Acho que daqui a cena fica melhor...
A grande discussão traçada pelo filme é sobre os limites éticos pessoais e profissionais que você está disposto a estabelecer para ganhar a vida. E Louis Bloom, personagem interpretado com maestria por Gyllenhaal (minha interpretação favorita do ano) parece não entender esse limite. Seu personagem se transforma, baseando-se nos cursos online que faz e negociando com frases prontas, vomitadas de livros teóricos que lê sobre os assuntos que precisa conhecer para atuar no meio. Seus métodos são extremamente técnicos e livres de qualquer tipo de empatia pelos outros, inclusive pelo seu empregado.

O roteiro extremamente bem escrito dosa essa evolução de Louis e o desenrolar natural da trama leva o espectador em uma caótica viagem pelas noites de Los Angeles para mostrar o pior lado do homem e coloca-lo como manchete no jornal da noite, por dar muito mais ibope e valorizar as carreiras profissionais dos envolvidos. Rene Russo, como a diretora do turno da noite é um excelente contraponto para o desenfreado Louis, que no momento certo a tem nas mãos.

"O Abutre" não é um filme de fácil digestão, tampouco leve de se ver.

Mas é facilmente um dos melhores do ano.


Busca Espacial

Christopher Nolan vai para o espaço.

Interestelar
(Interstellar; EUA, 2014)
Dir.: Christopher Nolan
Com Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, Jessica Chastain
2h46 min - Ficção - 10 Anos



Quando Christopher Nolan assina a direção de um filme, prepare-se para ver algo fora do comum.

Porque seus filmes jamais se atém apenas ao conteúdo principal. Suas tramas (escritas por ele e por seu irmão Jonathan) são ricas, densas e sempre apresentando riscos pessoais gigantescos aos seus personagens.

Em Interestelar, a regra continua, mas em maior escala: Cooper (McConaughey) é um ex-piloto, que teve que abandonar sua função e se tornar fazendeiro, devido à escassez de alimentos que o planeta enfrenta, depois que uma praga passou a dizimar plantações. E o diagnóstico não é dos mais promissores. A humanidade não sobreviveria além de duas gerações e a única saída é partir numa missão interestelar a fim de achar um novo planeta com condições de abrigar a população da Terra.

Vou sair para pesquisar planetas e já volto, ok?

Se você espera um filme sobre explorações espaciais com boas doses de ação e suspense, você encontrará um pouco disso aqui. As cenas que se passam no espaço são visualmente belíssimas e há muito o que se segurar na cadeira quando as coisas se complicam nas visitas a outros planetas.

Mas o filme não é apenas sobre isso. 

O filme é principalmente focado na relação de Cooper com a sua filha Murph, que abre caminho para a real discussão que Interestelar quer fazer: O quanto o "amor" e as relações afetivas pesam nas decisões pessoais ao realizar um trabalho por um bem maior. Essa discussão fica clara quando os personagens de McConaughey e Hathaway debatem na metade do filme sobre qual rumo tomar baseando-se em dados científicos ou em sentimentos.

Tempo, portanto, se torna o maior risco que a tripulação tem que enfrentar, especialmente quando a noção de tempo se estabelece de formas diferentes aos personagens. E esse talvez seja um dos grandes trunfos que o filme esconde. O fator que o tempo tem de peso na história fica muito claro. Os demais riscos são calmamente explicados na primeira hora de filme, fazendo com que o espectador não precise fazer tanta conta e consiga acompanhar a trama com a intensidade necessária.

Com atuações muito boas (destaque para as interpretações de vozes dos robôs TARS e CASE) e excluindo um momento descartável da trama, onde um ator conhecido aparece em um personagem que muda o curso do filme, Interestelar acaba por ser um bom filme com bons momentos, mas longe de ser o mais memorável dos momentos de Christopher Nolan nos cinemas.

O que, considerando o cineasta, jamais significaria ser um mau momento.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Mistério Exemplar.

Prepare-se para ser manipulado.

Garota Exemplar
(Gone Girl; EUA, 2014)
Dir.: David Fincher
Com Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Tyler Perry
2h19 min - Drama/Suspense - 16 Anos



Se você gosta de um bom mistério, fica aqui a minha dica, talvez, do ano. Ainda que este já esteja em sua derradeira semana.

Mistério daqueles realmente bons, com trama densa, bons personagens e reviravoltas vibrantes que lhe farão arrepiar os pelos da nuca.

Em "Garota Exemplar", o mais recente trabalho do diretor David Fincher ("Seven - Os Sete Crimes Capitais", "A Rede Social"), Ben Affleck é Nick Dunne, homem que acorda no seu aniversário de casamento e tem de lidar com o desaparecimento de sua esposa em circunstâncias misteriosas. Mas nada é o que parece ser, conforme novas evidências surgem, que colocam Nick como principal suspeito de assassinato. Caso que choca a comunidade em que vive e que toma proporções nacionais.

"Eu não matei minha mulher... Foi um homem sem braço..."
A história, possui 3 atos: O primeiro é exatamente o que vemos no trailer. Nick não é o que parece ser, mas ele jura ser inocente. O segundo ato, para quem não leu o livro, é uma virada espetacular que leva o espectador a coçar a cabeça já na metade do filme, levando-o a um misto de sentimentos que servirão como uma bomba na chegada do terceiro e último ato, numa conclusão corajosa e que certamente dividirá opiniões.

Falar mais do que isso, é prejudicar sua experiência neste belo filme. Quanto menos você souber, melhor. Com destaque para a parte técnica do filme (fotografia, trilha e montagem em especial) e às impressionantes atuações de Affleck e sua companheira Amy (Rosamund Pike) sob a batuta de Fincher que fazem deste, um filme imperdível.



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A Nova Geração

A internet vai ao cinema.

Homens, Mulheres e Filhos
(Men, Woman and Children; EUA, 2014)
Dir.: Jason Reitman
Com Kaitlyn Dever, Rosemarie DeWitt, Ansel Elgort, Adam Sandler
1h59 min - Drama - 16 Anos


Jason Reitman parece ter trazido muito do talento de seu pai, Ivan Reitman, para seu trabalho.

Se o pai era sinônimo de filme engraçadíssimos e sucessos de bilheteria dos anos 80/90 (Os Caça-Fantasmas, Irmãos Gêmeos, Recrutas da Pesada - para citar alguns), o filho tem um olhar mais voltado para o drama. Sua curta, porém impressionante filmografia, trouxe pérolas realistas (e indicações ao Oscar), como "Juno" e "Amor Sem Escalas".

Mas o foco não é comparar. É falar do mais novo filme de Jason Reitman, "Homens, Mulheres e Filhos", onde histórias dentro de uma comunidade se cruzam. Personagens que são diretamente influenciados pela falta de diálogo entre si e pela intensidade em que a internet influencia suas vidas, o que acaba por servir de escape para fugirem de uma realidade que consideram dura demais.

"Oi, me manda uma vida no Candy Crush?"

O filme é um conjunto de pessoas buscando alguma forma de se conectar com as outras. Conexão que parece ser tão difícil em uma interação real com pessoas próximas ou então, estabelecer conexões virtuais com completos estranhos na qual se fala sobre detalhes pessoais. E como isso pode afetar aos que estão em presença física, logo ao seu lado.

Mas o verdadeiro brilho do filme está nas mãos suaves que o diretor emprega em temas delicados como solidão, depressão e frustrações. Mas principalmente, quando abre o dialogo sobre os diferentes e perigosos graus de exposição aos quais, Homens, Mulheres e Filhos estão dispostos a enfrentar na busca de tentar se conectar com alguém. Seja pelas diferentes redes sociais retratadas no filme, seja pela banalização do ato sexual ou pela simples fuga do medo de se sentir só ou excluído da sociedade. 

Tudo isso traçando um paralelo belíssimo com a imagem "Pálido Ponto Azul" (e as reflexões de Carl Sagan sobre a fotografia) e à sonda Voyager, que leva conhecimento dos humanos a alguma sociedade estranha, que poderia estar em algum lugar do espaço.

No fim das contas, observamos uma documentação importante e muito interessante do retrato de uma geração que se esconde atrás de uma tela, para não encarar o medo de não ser olhado devidamente nos olhos. 



 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ele Sempre Volta

Boa história, boa ação.

Sabotagem
(Sabotage; EUA, 2014)
Dir.: David Ayer
Com Arnold Scwarzenegger, Sam Worthington, Olivia Williams e Terence Howard
1h49min - 18 Anos - Ação/Suspense - EM BLURAY E DVD


Se você tem entre 30 e 45 anos, então pegou uma fase, digamos, clássica de Arnold Schwarzenegger. Se tinha alguém para "vingar", "exterminar" ou salvar, ele provavelmente era o cara mais indicado para o serviço. 

Os anos 80, de fato, foram muito bons para ele. Do Externinador do Futuro, ao Predador, citando até aquele "Comando Delta" (canastrão ao quadrado), os papeis de Schwarzenegger eram sempre embalados por muita violência e cenas de ação divertidíssimas. Em alguns casos, ele até permitia rir de si mesmo quando entregou filmes como "True Lies" (meu favorito) e "O Último Grande Herói". 

Depois de ocupar o cargo de Governador da California, parece que ele voltou com tudo. Depois de se divertir muito na trilogia dos Mercenários, e de alguns filmes menores, mas com boas doses de ação, Schwarzenegger volta neste ótimo "Sabotagem", em que lidera um grupo de elite da força-tarefa do DEA (divisão de combate ao tráfico de drogas). Quando, numa apreensão, somem 10 milhões de dólares, os membros da equipe vão desaparecendo um a um. 

"Olha como eu fico grande com esse charuto e o peito de pombo".
Bem, se você pegou esse filme para assistir, são grandes as chances de sair satisfeito com a escolha. 

A história do filme prende bem o espectador, apesar de batida. Tentar descobrir o criminoso por trás da trama é um divertido exercício (apesar das fortes cenas de execução ou das cenas do crime), especialmente quando o seu principal suspeito acaba sendo a próxima vítima. As inúmeras histórias complementares (em maior número do que as sequências de ação) que amarram o roteiro são bem constuídas e essenciais para o conjunto final.

Tudo leva a dois bons atos presentes nos 20 minutos finais, sendo uma delas feita sob medida para quem estava com saudade do "Schwarza clássico".

Com boas atuações coadjuvantes, "Sabotagem" serve tanto para quem gosta de um bom filme de ação no estilo de Schwarzenegger, quanto para quem gosta de uma boa trama se suspense policial.

Afinal de contas, ele sempre volta.


terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Galáxia Vintage

Marvel em um momento relax.

Guardiões da Galáxia
(Guardians of the Galaxy; EUA/ING, 2014)
Dir.: James Gunn
Com Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Benício Del Toro
1h44 min - Ação/Comédia - EM BLURAY E DVD



A Marvel é muito seria. 

Em poucos anos, inundou as telas e o imaginário coletivo ao introduzir filmes de diferentes super-heróis e preparar a base para uma história única, contada através de múltiplos filmes. E fez um golaço. 

Quanto mais bilheterias, mais o Universo Marvel se expande. E mais portas se abrem para a inserção de novos personagens. 

Mas a Marvel é muito seria. E as vezes faz bem relaxar. Fazer umas piadas. Tirar o sapato e descansar um pouco. Aliviar a tensão. E a forma mais Marvel de fazer isso, é obviamente, com outra história para expandir (ainda mais) seu universo. 

Esse filme, no caso, é Guardiões da Galáxia, a maior e melhor surpresa da marca. Peter Quill, é um mercenário espacial que acaba adquirindo um ítem valioso, o que acaba chamando a atenção de outros caçadores de recompensas. Para se safar e evitar que esse ítem caia em mãos erradas, ele se unirá a um grupo de desajustados para que o Universo não tome um sombrio rumo. 

"Me dê as chaves seu..."
"Guardiões" é de longe o filme mais charmoso e despojado do universo Marvel. Com um apelo diferenciado dos demais filmes da marca, abdica de focar na ação para privilegiar diálogos e um irreverente humor com maior destaque. São personagens carismáticos colocados em uma trama simples com o propósito de divertir de forma descontraída. Não tenta soar como um filme serio em nenhum momento e esse provavelmente é o maior mérito do longa. 

Seu charme ainda contempla uma trilha sonora inspirada, com um feeling retrô que leva o público a um curioso sentimento de nostalgia, como se transportado a uma ficção científica dos anos 70. Um respiro de ar fresco em meio à tanta seriedade que os próximos filmes da Marvel promete (especialmente no que o próximo Vingadores aparenta ser com o seu trailer).

Voltemos à quebradeira portanto. Mas com data marcada para o próximo "momento relax", em 2018. 



domingo, 23 de novembro de 2014

Mordida Caprichada

Prepare o seu apetite.

Chef
(EUA, 2014)
Dir.: Jon Favreau
Com Jon Favreau, Sofia Vergara, John Leguizamo, Oliver Platt
1h49 min - Comédia - EM DVD e BLURAY


Se você não sabe ao certo quem é Jon Favreau, pode ficar tranquilo, pois você já o viu antes. 

Jon Favreau é um diretor/ator dos bons, que já fez muita coisa que você já viu. Participou de alguns episódios de Friends, dirigiu os dois primeiros filmes do Homem de Ferro, foi o coadjuvante engraçado em algumas comedias românticas e interpretou um punhado de outros bons personagens no cinema. 

E agora, escreveu, dirigiu e atuou em "Chef", onde interpreta Carl Casper, um renomado cozinheiro que após ser demitido de um restaurante 5 estrelas por conta de uma má critica, decide retornar às origens para fazer o que faz de melhor. 


Se eu tivesse que usar uma metáfora culinária para descrever este filme, falaria para não ter moderação alguma ao apreciar este delicioso filme e dar uma bela mordida. Daquelas desconcertantes, onde ingredientes caem para fora do sanduíche e que deixam a sua mão cheia de molho. 

Não seria um exageiro. Até porque, faria juz ao estilo de comida servida pelo personagem de Carl Casper, na segunda metade do filme, onde ele (re)começa seu negocio em um animado caminhão de comida e sacramenta a qualidade de entretenimento que o filme tem a oferecer. 

Qualidade, também na interpretação de Jon Favreau, que transborda a felicidade de dirigir seu projeto com tamanha paixão - equivalente a de seu personagem pela culinária simples e do coração - que o público consegue captar o sentimento com a mesma facilidade em que se cativa pela história. 

O filme ainda traz uma discussão muito boa sobre o peso que as redes sociais possuem no mercado. Como uma postagem errada ou o vazamento de um vídeo pode influenciar uma carreira (positiva ou negativamente). E como a mesma rede social, quando bem aproveitada, pode ser crucial no crescimento de um negócio e de uma marca. Além do feliz detalhe após cada postagem no Twitter.

Pode até ser que você fique um pouco frustrado com o final apressado, colocado mesmo com a boa evolução do filme em sua segunda metade - que já daria um final muito bom para a história - mas se considerarmos os ingredientes adicionais, como as participações especiais inspiradas de Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson, "Chef" desponta como um filme caloroso e acolhedor, como uma refeição sem grandes elaborações. Mas que feito com muito capricho e carinho, é capaz de acalentar a alma e de fazer o público se sentir bem. 

Atacar.



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Vida Como Ela é.

Você nunca verá algo igual a este filme.

Boyhood - Da Infância à Juventude
(Boyhood; EUA, 2014)
Dir.: Richard Linklater
Com Patricia Arquette, Eller Coultrane, Lorelai Linklater, Ethan Hawke
2h53min - Drama




Adoro o momento em que sobem os créditos. O fim da história e a invasão da tela preta, que permite uma reflexão sobre o que acabou de assistir. É um momento que chamo de "momento wow". Pode servir tanto para o caso de um "wow, que lixo de filme", quanto para um "wow...", que não precisa ter palavras para descrever o quão impressionado fiquei ao final da sessão.

Esse filme teve um belo e duradouro momento wow.

Boyhood acompanha a história de Mason, dos 6 aos 18 anos de idade. À medida em que o filme passa, vemos influências surgirem e momentos que poderão definir o caráter e moldar a personalidade de um futuro adulto. 

Caramba, como vocês cresceram....

O principal diferencial deste filme para os demais filmes sobre infância é que, para maior veracidade, o mesmo ator foi filmado ao longo de 12 anos, acompanhando o desenvolvimento físico e o situando num retrato fiel do seu crescimento, e principalmente, do mundo em que cresceu. São ícones como um iPod, ou uma música que marcou o ano de lançamento também ajudam a situar o espectador na época em que determinado trecho da infância de Mason se encontra.

Não espere por um filme que vai lhe mostrar o passo a passo do crescimento e os momentos marcantes da vida de uma criança/adolescente. Todos eles passarão pela vida de Mason, mas sem que precisem ser compartilhado com o público. O verdadeiro trunfo do filme na verdade, é poder acompanhar além do desenvolvimento físico do protagonista, conforme ele cresce rumo à adolescencia, o desenvolvimento da personalidade de personagem e como é influenciado por pessoas que entram e saem da sua vida com o passar dos anos. Assim como a vida, não há a necessidade de um grande clímax, mas a importância de desfrutar cada momento que um descreve como importante ou até mesmo crucial para si.

Em Boyhood, ainda pode-se notar a discussão sobre a gradual transição do mundo infantil, com uma visão pitoresca do que parece ser um estranho mundo dos adultos para, aos poucos, integrar esse mundo e deixar a infância para trás.

E ao longo do filme, a estranha duplicidade de ter o olhar de uma criança que enfrenta diferentes experiências, e ao mesmo tempo, poder ser um personagem onipresente, como um parente adotivo que acompanha o crescimento de Mason e a dolorosa sensação de que o tempo passa rápido demais.

Como filho que sou, pai que sou e como uma pessoa que teve uma infância com os mais diversos adjetivos que a descrevem, recomendo que assista a Boyhood. Facilmente, um dos melhores filmes de 2014.

Wow.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O fim do mundo.

O blog desiste oficialmente de Nicolas Cage (até segunda ordem)

O Apocalipse
(Left Behind; EUA, 2014)
Dir.: Vic Armstrong
Com Nicolas Cage, Chad Michael Murray, Lea Thompson
1h44 min - Drama - 12 Anos


Eu gosto de ver Nicolas Cage na telona. 

Ele já fez de tudo. Quem assistiu "A Rocha", "Adaptação" e "Despedida em Las Vegas", por exemplo, sabe do que ele é capaz de fazer. Quem viu "O Vidente", "O Motoqueiro Fantasma" e esse "O Apocalipse", também sabe que ele é capaz de fazer más escolhas.

Nicolas Cage interpreta Rayford Steele, piloto de avião com o casamento abalado, que após um melancólico encontro com sua filha no aeroporto, embarca para Londres em um vôo onde vai testemunhar em menor escala, um evento mundial onde pessoas de todo o planeta, sumirão em um piscar de olhos. Conhecido também como "Raptura". 

Aperte os cintos aí, porque a coisa vai ser braba...
Como não comento religião, por respeitar o direito de cada pessoa a ter suas crenças, vou falar apenas do que acontece em cena. 

Então vamos falar de "tensão", ou a completa falta de. 

Tensão se manifesta visualmente. No cinema, pode se obter tensão visual por efeitos visuais, que no filme são de muito mal gosto, quanto nas atuações dos atores. E se atuações podem elevar o patamar em filmes de baixo orçamento, aqui, novamente, a situação não ajuda. Nicolas Cage é apenas a desastrosa ponta de um iceberg de filme onde nenhuma - e nenhuma mesmo - atuação se salva. O que prejudica muito as cenas onde o clima deveria ser tenso.

Tensão também é som. E se os efeitos sonoros do filme são de qualidade, a trilha sonora, que em diversos momentos da história do cinema já se fez maior do que seus personagens, aqui simplesmente não parece se encaixar com o que vemos na tela. 

O resultado final, parece ser um filme ruim feito para a TV, que, por ser a adaptação de um best-seller, ganhou uma chance na tela grande e um ator consagrado para estampar o pôster.

Passe longe.




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Viagem Insólita

Um dos melhores filmes de 2014, já disponível no Netflix.

Locke
(ING; 2014)
Dir.: Steven Knight
Com Tom Hardy, Ruth Wilson, Olivia Colman, Andrew Scott
1h24min - Drama


Se você gosta de filmes agitados, não precisa terminar de ler esse post.

O mesmo vale para o leitor claustrofóbico.

Mas se você não se enquadra em nenhuma das "categorias" acima, você está apto a assistir a um dos filmes mais interessantes e bem construídos do ano. Estou falando de Locke.

E Locke é um filme a ser evitado por os dois públicos citados, porque se trata de uma história muito boa, muito tensa e que se passa - integralmente - dentro de um carro.

O personagem-título, é um homem que cometeu um erro. E por conta desse erro, tomou uma decisão que lhe obrigará a fazer uma viagem de carro em direção à Londres, por uma hora e meia (o tempo do filme). E no caminho, resolverá algumas pendências por telefone.

Imagine se fosse no trânsito de São Paulo...

Acredite quando digo que este é um dos filmes imperdíveis de 2014. 

O primeiro motivo é o melhor que o filme tem: Tom Hardy. O ator que tem um repertório que trafega desde comédias bobinhas (Guerra é Guerra) a Vilões (Bane em O Cavaleiro das Trevas Ressurge), entrega uma das melhores interpretações do ano. Rico em trejeitos e tiques que ajudam a mostrar uma complexidade por trás da aparência calma de um homem que, em teoria, tem quase tudo sob controle. 

O enredo enxuto e bem amarrado faz a tensão emergir na tela à medida em que a situação vai se tornando sufocante para o protagonista, de acordo com as reações dos demais personagens que estão do outro lado das conversas telefônicas. E aqui vale destacar outro grande ponto do filme: As interpretações coadjuvantes, as quais não vemos - apenas ouvimos via speakers do carro - são, sem exceção, excelentes.

Extremamente bem dirigido, Locke ainda se completa por ser um filme com um visual elegante, utilizando sinais de trânsito, reflexos e desfoques de luzes de carro para pulsar um ambiente incontrolável e para afogar o personagem em informações visuais quando necessário - alusão ao turbilhão de emoções pelo qual passa durante todo o filme.

Se o tema central do filme é assumir o peso da responsabilidade pelas escolhas feitas, então a escolha de colocar o peso do filme no ator vale toda a experiência de assistir a Locke.



terça-feira, 7 de outubro de 2014

Tons Abaixo.

Mais do mesmo. E pior

Sin City: A Dama Fatal
(Sin City: A Dame To Kill For ; EUA/Chipre, 2014)
Dir.: Robert Rodriguez, Frank Miller
Com Mickey Roarke, Josh Brolin, Eva Green, Jessica Alba
1h42min - Thriller/ Ação - 18 Anos



Lá em 2005, quando Robert Rodriguez estava pirando trazer novas histórias a serem contadas de maneiras inovadoras no cinema, usando efeitos especiais nunca antes vistos, ele pegou a famosa HQ de Frank Miller, Sin City e fez um filmaço.

Violento, sensual e porque não, chocante, Sin City trouxe para a mesma tela muita gente boa, e contou quatro histórias da HQ, utilizando-se do estilo que Frank Miller usou e surpreendeu nas bilheterias e até nas críticas - O resultado foi tão bom que, copiando o mesmo estilo, 300, lançado no ano seguinte fez ainda mais dinheiro.

Mas ainda haviam histórias de Sin City que não haviam sido contadas. E uma delas, "A Dama Fatal", ganha um filme.

Querido, você bateu a cabeça?
O filme é mais do mesmo. A sensação que dá é que outro filme de sucesso no passado ganhou uma nova chance para garimpar uma bilheteria. Mas essa fórmula já está se provando falha. O visual do filme que há 10 anos era inovadora, já parece gasto (apesar de muito, muito trabalhosa para chegar ao resultado final) e depois de algum tempo assistindo, até cansativo de ver. O que se tem de qualidade na pós produção, falta em dinâmica de cenas.

No que diz respeito à história, muita nudez, muito falatório (ok, é um filme noir) e uma boa diminuição das cenas de ação/violência - característico da HQ. A história demora muito para evoluir e dá muitas voltas até entregar o que o público espera. Os atores, quase todos no piloto automático também parecem exaustos o que compromete muito seus personagens em suas respectivas sequências. É como se, numa reunião, os responsáveis estivessem separando os elementos que deram tão certo no primeiro filme e aplicassem à essa sequência, os elementos errados. 

E por fim, assistir ao primeiro filme não só é essencial para entender muita coisa da história, como assistir ao primeiro filme é muito melhor do que assistir ao segundo.

E oremos para que não vire uma trilogia...


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sem Emoção

Jeff Bridges e Meryl Streep valem uma porcentagem do seu ingresso.

O Doador de Memórias
(The Giver; 2014)
Dir.: Phillip Noyce
Com Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Katie Holmes
1h37min - Ficção/Drama - 14 Anos


Se eu lhe pedir para que me liste histórias que contam sobre a busca por sociedades perfeitas, você pode me listar alguns. Futuros utópicos e distópicos, e você lista ainda mais títulos diferentes.

E são boas as chances dos títulos citados, serem de pelo menos, 8 anos para trás.

Os filmes futuristas andam em baixa. Para isso, alguns atrativos são necessários para chamar um público. Convocam um candidato a estrela de cinema para protagonizar a adaptação de um livro de bom apelo ao público jovem e como complemento, atores consagrados para dar peso e chamar o pessoal que não conhece a história. Capriche no trailer e vamos lá.

A história se passa numa sociedade que extraiu as emoções da população para que tudo possa ser controlado e assim progredir sem imprevistos. Os habitantes são analisados durante seu crescimento e então, na maioridade, desginados a cumprir funções de acordo com suas habilidades destacadas. Quando um deles se destaca em diversas habilidades simultaneamente, o que é raro, ele é designado a ser "O Guardião de Memórias", que aprenderá toda a verdade por trás da sociedade em que vive com o "Doador de Memórias".

Essa página não estava no meu roteiro...
Logo na capa do filme você vê Meryl Streep e Jeff Bridges. Grandes, ao fundo, porém com bom destaque. Exatamente como são no filme. Papéis coadjuvantes, de grande importância. Dois monstros do cinema americano que, obviamente dão um show de bola e engolem com facilidade todos os outros participantes no filme. E engole com requintes de crueldade, tamanha a disparidade da qualidade dos envolvidos. Faço leve exceção ao desconhecido Brenton Thwaites, que, esforçado como protagonista e companheiro de cena de Bridges, se coloca um nível acima dos demais.

O diretor de ação, Phillip Noyce, com um curriculo bacana (O Santo, O Colecionador de Ossos, Perigo Real e Imediato) faz um filme que segue um caminho relativamente previsível - até o tratamento de cores, indicando onde há e onde faltam emoções, não é novidade. Se conseguirmos deixar passar algumas problemáticas conceituais que acabam contradizendo as regras básicas da construção da história, "O Doador de Memórias" ganha da concorrência por uma leve vantagem.

Mas leve vantagem mesmo. E por conta dos atores já citados. Nada é muito apronfundado, e toda a apresentação dos personagens e do contexto é feito de forma apressada demais, evitando correr qualquer risco de deixar uma ponta solta para ter que ser explicado mais tarde. Em seguida, tudo segue uma cartilha rígida de direcionamento do espectador. Nada é o que parece ser, personagens que pareciam ser bonzinhos são muito cruéis ou se limitam a obedecer o comando para não se complicar. E para não haver qualquer questionamento, algumas cenas chocantes são inseridas (de forma um tanto surpreendente) no contexto. É talvez a mais sincera tentativa de conseguir extrair uma emoção de um filme que até então, teve muito pouco.

E o então aguardado final, chega num anti-clímax que poderá fazer com que muita gente saia decepcionado.

E tudo continua a ser como antes.


Faroeste Family Guy

Mais um para a série de títulos irritantemente mal traduzidos.

Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola
(A Million Ways to Die in The West; EUA, 2014)
Dir.: Seth MacFarlane
Com Seth MacFarlane, Charlize Theron, Giovanni Ribisi, Liam Neeson
1h51min - Comédia - 16 Anos



Quem acompanha o seriado animado "Uma Família da Pesada" (ou Family Guy), com certeza ja ouviu falar de um sujeito chamado Seth MacFarlane.

Além de criador do desenho, ele é roteirista, dublador e ainda acumula outras funções. Ou seja, se você sabe quem é Seth McFarlane, sabe o tipo de humor pelo qual ficou conhecido.

Pois então. O também criador de "Ted", agora fez esse faroeste (cuja tradução me recusarei a comentar, tamanha canastrice) que conta a história de Albert, um fazendeiro de ovelhas, com fama de covarde, que após uma desilusão amorosa, vira presa fácil para Anna, esposa insatisfeita de um bandidão (Liam Neeson que está na região à procura de ouro. 

Oh céus... É o Barney de bigode...
Além do título nacional, este filme tem vários problemas, a começar pelo seu protagonista. MacFarlane pode ser um bom comediante (ainda que o humor seja forçado demais para você) e um bom diretor, mas definitivamente, não tem força para ser um protagonista. Ainda mais, de um faroeste, gênero que anda em baixa há algum tempo. 

Uma ou outra piada pode fazer a sala inteira rir (apesar de muitas delas estarem presentes nos trailers), mas todo o resto do conjunto é simplesmente muito fraco. E isso influencia gente muito boa, como Liam Neeson (que só é um vilão decente por conta da história fraquinha), Charlize Theron (que anda escolhendo papeis meio esquisitos) e até mesmo Neil Patrick Harris (o saudoso Barney da serie How I Met Your Mother).

O filme infelizmente não funciona tão bem como poderia. 

Talvez tivesse melhor sorte, se fosse um episódio de Family Guy. 


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Queda de Rendimento.

Imagine o que um filme poderia fazer com 100% de seu potencial.

Lucy
(Fra; 2014)
Dir.: Luc Besson
Com Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Min-sil Choi
1h21min - Ação/Ficção - 16 anos


Alguém que conheça a filmografia de Luc Besson sabe que não se deve esperar um filme convencional quando decidir assistir a um deles.

E quem conhece o currículo, sabe que se há uma constante em seus filmes, são mulheres poderosas. Já filmou a história de Joana D'Arc, Milla Jovovich foi o Quinto Elemento e até uma jovem Natalie Portman conseguiu influenciar León, O Profissional. E agora, encarnada por uma fraquinha Scarlett Johansson, Lucy busca se colocar à altura de personagens tão fortes.

Começamos com a protagonista-título totalmente influenciável pelo namorado, ao ser coagida para realizar a entrega de uma misteriosa maleta a um gângster local. O que seria uma tarefa simples acaba a colocando no trafico internacional de uma nova droga, que serviria como uma injeção de adrenalina, mas que em Lucy, quando liberada em grande quantidade faz com que ela consiga acessar além dos supostos 10% de utilização da capacidade total do cérebro.

Para o carro que eu vou fazer mais uma maluquice aqui...
No jogo dos erros e acertos, Lucy, seguramente tem acertos. E muito pela qualidade da mão do diretor/ roteirista que assina o filme. Seu estilo excêntrico funciona perfeitamente para uma história que pede exatamente isso. Não é um primor de enredo, mas o estilo ajuda muito a encaixar o roteiro diante do espectador.

Mas se dividirmos o filme em três atos, temos no primeiro, uma apresentação sublime dos personagens principais e do uso de metáforas com imagens que esclarecem muito bem a situação de cada um no contexto que se encontram e como cada um deles deverá evoluir para que a história se equilibre. Também porque, o personagem de Morgan Freeman (novamente, atuando no automático) entra em cena para que a amalucada história possa ser explicada sem qualquer pausa para reflexão.


O segundo ato é fabricado para a diversão plena do espectador. E tentar acompanhar a evolução de Lucy, conforme seu cérebro expande a sua capacidade, até entrarmos no ato final, onde ela deverá atingir o máximo de utilização do cérebro. E justamente nesses dois últimos atos, que o filme desanda.

Pois com um primeiro ato tão bem feito e um segundo tão decepcionante, a conclusão manjada e com subtexto grandioso, acaba por impactar com anestesia, um espectador que viu tanta loucura em um filme tão curto.


É como se, aproveitando a temática do filme, este, rendesse apenas 30, 40% da capacidade do potencial que possui.



segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Cowabunga!!

Elas voltaram.

As Tartarugas Ninja
(Teenage Mutant Ninja Turtles; EUA, 2014)
Dir.: Jonathan Liebsman
Com Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner 

1h41min - Aventura - 10 Anos





Se você, assim como eu, ainda se pergunta porque diabos o cinema anda tão cheio das seqüências e dos reboots, pode parar para repensar.

Porque eu, provavelmente, assim como você, estava até outro dia, farto de rever as antigas idéias tomando nova cara, as vezes, com uma cara não muito boa. Foi até eu sentar para assistir ao remake, reboot, refilmagem das Tartarugas Ninjas.

Mas eu, antes de mais nada, cresci assistindo o desenho original. Tinha os bonecos, as bases, as faixas e tudo o que podia ter, referente às tartarugas. Tinha até vontade de ver mais histórias. Histórias, que o tempo tratou de deixar de criar. Mas nunca, esquecer.

Passaram-se duas décadas e olha que elas entraram na onda que assola os clássicos de outra época no cinema. Com um ajuste aqui e uma adaptação ali no contexto original e os pupilos do Mestre Splinter ganham a telona novamente, agora, com a ajuda de April O'Neil (Megan Fox, fazendo as pazes com o produtor Michael Bay) para impedir um plano para envenenar Nova Iorque, com um componente cujo antidoto corre nas veias das Tartarugas.


Uma piada boa antes de brigar com o Destruidor.
Não espere uma reinvenção do cinema ou uma história para sacudir seu mundo. Se você não faz idéia o que essas Tartarugas são e ainda não completou seus 18 anos, vai se divertir a beça com uma aventura bem humorada e com boas doses de ação.

O mesmo vale para o caso de ser um entusiasta das antigas de Leonardo e cia, como eu sou. Esta tudo lá: A rixa entre o líder e Raphael, as piadas e o gosto inabalável por pizza de Michelangelo e as engenhocas e soluções bacanas de Donatello.

Agora, se tudo o que eu falei até aqui lhe soou como grego fluente, pode até ser que você se divirta muito assistindo a esse filme. Basta deixar de lado qualquer pretensão de querer ver algo surpreendente e embarcar a ponto de gritar "Cowabunga" quando os créditos finais subirem a tela.

Eu gritei.





terça-feira, 26 de agosto de 2014

Na Reserva.

Muita enrolação, que atrapalha a ação.

Os Mercenários 3
(The Expendables 3; EUA/França 2014)
Dir.: Patrick Hughes
Com Sylvester Stallone, Mel Gibson, Jason Statham, Wesley Snipes
2h06 min - Ação - 14 Anos


Quem foi conferir o primeiro filme da trilogia, lá atrás, em 2010 e gostou do que viu. Queria mais.

E se esse primeiro filme foi a introdução, o segundo foi a euforia. O que na teoria, deveria fazer do capítulo final (!?) o ápice, correto?

Se engana o espectador que vai assistir a uma sessão de "Os Mercenários", esperando altas doses de adrenalina e sequências vertiginosas de ação. Os filmes não são apenas isso. É acima de tudo, uma reunião de atores consagrados, celebrando uma bem sucedida época, onde criaram e/ou reproduziram bordões clássicos e imagens icônicas, gravadas na história do cinema de ação.

Ah sim. As cenas de ação, em meio às piadas que transpassam o limite do celulóide para falar dos próprios atores, existem para brindar o retorno de seu público cativo.

Mas em algum momento dessa trilogia, alguém achou que o próximo passo, seria uma desaceleração. E para isso, O personagem de Stallone, Barney Ross, o líder dos Mercenários estabelece o desligamento do grupo original para convocar novo sangue, quando decide se vingar de um ex-mercanário (Mel Gibson) que agora é um criminoso de guerra e está envolvido com a venda de perigosas armas nucleares.

Alguém aí me explica o que o Frasier está fazendo nesse filme?
As cenas de ação continuam relativamente bem, mas as piadas caíram em número. As que existem, se não saem da boca de Antônio Banderas (muito engraçado), ficam com Wesley Snipes, o melhor do filme - e dono da melhor piada.

Mas as cenas de ação padecem de uma péssima pós-produção, entregando efeitos especiais constrangedores, os quais, podem lhe distrair muito. 

Além disso, o filme se estica muito no debate sobre porque os Mercenários originais devem ser aposentados e quem seriam seus substitutos. A melancolia dosada além da conta traz diálogos chatos e que não condizem com aquele espírito que a série carregava até então.

E por fim, outro grande pecado que cometido é causado justamente por um dos apelos que o filme tem: O grande número de atores/personagens. Alguns com histórias tão interessantes, mas que o tempo do filme não permite contar. Ainda que você não ache interessante saber o background das caras novas, há de reconhecer que Wesley Snipes, por exemplo, merecia mais tempo em cena.

E ao final da sessão, fica a impressão de que todo aquele combustível que sobrava nos primeiros filmes, chegou ao fim. É, sem dúvida, o pior dos três. Mas ainda pode dar conta de muito filmeco de ação que sai por aí...



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sandler Básico.

Nada além do que parece. Tudo bem.

Juntos e Misturados
(Blended; EUA, 2014)
Dir.: Frank Coraci
Com Adam Sandler, Drew Barrymore, Kevin Nealon, Terry Crews
1h57 min - comédia - 12 Anos



Quando você pega uma fila na bilheteria e compra um ingresso para ver um filme do Adam Sandler no cinema, à essa altura, você ja sabe o que pretende encontrar. 

Na esmagadora maioria das vezes, são comédias, algumas vezes românticas, com humor besteirol forçado, cenários inusitados, atores renomados fazendo ponta, celebridades em papeis pequenos e com merchandising de algum produto inseridos no contexto. E sempre haverão algumas sacadas que irão se sobressair e comentadas ao final da sessão. 

Mas, continuamos a comprar os ingressos. Porque tudo o que é prometido no material promocional, é cumprido. 

E em "Juntos e Misturados", Sandler reata a parceria com Drew Barrymore quando interpretam duas pessoas, com casamentos que terminaram (ele viúvo, ela divorciada) e que, num cenário pouco previsível, acabam com seus filhos, juntos, numa viagem para a África, onde desfrutarão de um hotel paradisíaco e acabarão se envolvendo romanticamente um com o outro e afetivamente com a família oposta. 

Curtiu o penteado?
Calma. Não dei nenhum grande spoiler. Mas já lhe indiquei uma das boas características do filme: Ele é realmente o que promete no trailer. E o que você deve esperar de um filme legal de Adam Sandler. Se você conseguir passar pelas piadas forçadas, pelos sketches musicais com Terry Crews (conhecido aqui como o "Pai do Chris" da serie "Todo mundo odeia o Chris") e por algumas outras besteirinhas inseridas, "Juntos e Misturados", acaba sendo uma agradável sessão. 

Principalmente, por conta da química inegável entre Sandler e Barrymore. Funciona muito. Eles estão bem a vontade e isso contribui bastante para a "credibilidade" (na medida do possível) da história pessoal de cada personagem e porque uma união entre os dois poderia funcionar. 

Não espere algo romântico na linha de "Como se Fosse a Primeira Vez", mas está longe de ser uma besteirona como "Zohan". É aquele copão de agua com açúcar que acalma e que te faz se sentir bem. 

Poderia ousar um pouco mais no humor e na história, mas preferiu jogar seguro e entregar o que foi prometido.