terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A Nova Geração

A internet vai ao cinema.

Homens, Mulheres e Filhos
(Men, Woman and Children; EUA, 2014)
Dir.: Jason Reitman
Com Kaitlyn Dever, Rosemarie DeWitt, Ansel Elgort, Adam Sandler
1h59 min - Drama - 16 Anos


Jason Reitman parece ter trazido muito do talento de seu pai, Ivan Reitman, para seu trabalho.

Se o pai era sinônimo de filme engraçadíssimos e sucessos de bilheteria dos anos 80/90 (Os Caça-Fantasmas, Irmãos Gêmeos, Recrutas da Pesada - para citar alguns), o filho tem um olhar mais voltado para o drama. Sua curta, porém impressionante filmografia, trouxe pérolas realistas (e indicações ao Oscar), como "Juno" e "Amor Sem Escalas".

Mas o foco não é comparar. É falar do mais novo filme de Jason Reitman, "Homens, Mulheres e Filhos", onde histórias dentro de uma comunidade se cruzam. Personagens que são diretamente influenciados pela falta de diálogo entre si e pela intensidade em que a internet influencia suas vidas, o que acaba por servir de escape para fugirem de uma realidade que consideram dura demais.

"Oi, me manda uma vida no Candy Crush?"

O filme é um conjunto de pessoas buscando alguma forma de se conectar com as outras. Conexão que parece ser tão difícil em uma interação real com pessoas próximas ou então, estabelecer conexões virtuais com completos estranhos na qual se fala sobre detalhes pessoais. E como isso pode afetar aos que estão em presença física, logo ao seu lado.

Mas o verdadeiro brilho do filme está nas mãos suaves que o diretor emprega em temas delicados como solidão, depressão e frustrações. Mas principalmente, quando abre o dialogo sobre os diferentes e perigosos graus de exposição aos quais, Homens, Mulheres e Filhos estão dispostos a enfrentar na busca de tentar se conectar com alguém. Seja pelas diferentes redes sociais retratadas no filme, seja pela banalização do ato sexual ou pela simples fuga do medo de se sentir só ou excluído da sociedade. 

Tudo isso traçando um paralelo belíssimo com a imagem "Pálido Ponto Azul" (e as reflexões de Carl Sagan sobre a fotografia) e à sonda Voyager, que leva conhecimento dos humanos a alguma sociedade estranha, que poderia estar em algum lugar do espaço.

No fim das contas, observamos uma documentação importante e muito interessante do retrato de uma geração que se esconde atrás de uma tela, para não encarar o medo de não ser olhado devidamente nos olhos. 



 

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