segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Busca Espacial

Christopher Nolan vai para o espaço.

Interestelar
(Interstellar; EUA, 2014)
Dir.: Christopher Nolan
Com Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, Jessica Chastain
2h46 min - Ficção - 10 Anos



Quando Christopher Nolan assina a direção de um filme, prepare-se para ver algo fora do comum.

Porque seus filmes jamais se atém apenas ao conteúdo principal. Suas tramas (escritas por ele e por seu irmão Jonathan) são ricas, densas e sempre apresentando riscos pessoais gigantescos aos seus personagens.

Em Interestelar, a regra continua, mas em maior escala: Cooper (McConaughey) é um ex-piloto, que teve que abandonar sua função e se tornar fazendeiro, devido à escassez de alimentos que o planeta enfrenta, depois que uma praga passou a dizimar plantações. E o diagnóstico não é dos mais promissores. A humanidade não sobreviveria além de duas gerações e a única saída é partir numa missão interestelar a fim de achar um novo planeta com condições de abrigar a população da Terra.

Vou sair para pesquisar planetas e já volto, ok?

Se você espera um filme sobre explorações espaciais com boas doses de ação e suspense, você encontrará um pouco disso aqui. As cenas que se passam no espaço são visualmente belíssimas e há muito o que se segurar na cadeira quando as coisas se complicam nas visitas a outros planetas.

Mas o filme não é apenas sobre isso. 

O filme é principalmente focado na relação de Cooper com a sua filha Murph, que abre caminho para a real discussão que Interestelar quer fazer: O quanto o "amor" e as relações afetivas pesam nas decisões pessoais ao realizar um trabalho por um bem maior. Essa discussão fica clara quando os personagens de McConaughey e Hathaway debatem na metade do filme sobre qual rumo tomar baseando-se em dados científicos ou em sentimentos.

Tempo, portanto, se torna o maior risco que a tripulação tem que enfrentar, especialmente quando a noção de tempo se estabelece de formas diferentes aos personagens. E esse talvez seja um dos grandes trunfos que o filme esconde. O fator que o tempo tem de peso na história fica muito claro. Os demais riscos são calmamente explicados na primeira hora de filme, fazendo com que o espectador não precise fazer tanta conta e consiga acompanhar a trama com a intensidade necessária.

Com atuações muito boas (destaque para as interpretações de vozes dos robôs TARS e CASE) e excluindo um momento descartável da trama, onde um ator conhecido aparece em um personagem que muda o curso do filme, Interestelar acaba por ser um bom filme com bons momentos, mas longe de ser o mais memorável dos momentos de Christopher Nolan nos cinemas.

O que, considerando o cineasta, jamais significaria ser um mau momento.


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