segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sem Emoção

Jeff Bridges e Meryl Streep valem uma porcentagem do seu ingresso.

O Doador de Memórias
(The Giver; 2014)
Dir.: Phillip Noyce
Com Brenton Thwaites, Jeff Bridges, Meryl Streep, Katie Holmes
1h37min - Ficção/Drama - 14 Anos


Se eu lhe pedir para que me liste histórias que contam sobre a busca por sociedades perfeitas, você pode me listar alguns. Futuros utópicos e distópicos, e você lista ainda mais títulos diferentes.

E são boas as chances dos títulos citados, serem de pelo menos, 8 anos para trás.

Os filmes futuristas andam em baixa. Para isso, alguns atrativos são necessários para chamar um público. Convocam um candidato a estrela de cinema para protagonizar a adaptação de um livro de bom apelo ao público jovem e como complemento, atores consagrados para dar peso e chamar o pessoal que não conhece a história. Capriche no trailer e vamos lá.

A história se passa numa sociedade que extraiu as emoções da população para que tudo possa ser controlado e assim progredir sem imprevistos. Os habitantes são analisados durante seu crescimento e então, na maioridade, desginados a cumprir funções de acordo com suas habilidades destacadas. Quando um deles se destaca em diversas habilidades simultaneamente, o que é raro, ele é designado a ser "O Guardião de Memórias", que aprenderá toda a verdade por trás da sociedade em que vive com o "Doador de Memórias".

Essa página não estava no meu roteiro...
Logo na capa do filme você vê Meryl Streep e Jeff Bridges. Grandes, ao fundo, porém com bom destaque. Exatamente como são no filme. Papéis coadjuvantes, de grande importância. Dois monstros do cinema americano que, obviamente dão um show de bola e engolem com facilidade todos os outros participantes no filme. E engole com requintes de crueldade, tamanha a disparidade da qualidade dos envolvidos. Faço leve exceção ao desconhecido Brenton Thwaites, que, esforçado como protagonista e companheiro de cena de Bridges, se coloca um nível acima dos demais.

O diretor de ação, Phillip Noyce, com um curriculo bacana (O Santo, O Colecionador de Ossos, Perigo Real e Imediato) faz um filme que segue um caminho relativamente previsível - até o tratamento de cores, indicando onde há e onde faltam emoções, não é novidade. Se conseguirmos deixar passar algumas problemáticas conceituais que acabam contradizendo as regras básicas da construção da história, "O Doador de Memórias" ganha da concorrência por uma leve vantagem.

Mas leve vantagem mesmo. E por conta dos atores já citados. Nada é muito apronfundado, e toda a apresentação dos personagens e do contexto é feito de forma apressada demais, evitando correr qualquer risco de deixar uma ponta solta para ter que ser explicado mais tarde. Em seguida, tudo segue uma cartilha rígida de direcionamento do espectador. Nada é o que parece ser, personagens que pareciam ser bonzinhos são muito cruéis ou se limitam a obedecer o comando para não se complicar. E para não haver qualquer questionamento, algumas cenas chocantes são inseridas (de forma um tanto surpreendente) no contexto. É talvez a mais sincera tentativa de conseguir extrair uma emoção de um filme que até então, teve muito pouco.

E o então aguardado final, chega num anti-clímax que poderá fazer com que muita gente saia decepcionado.

E tudo continua a ser como antes.


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