terça-feira, 8 de julho de 2014

Boa Idéia/ Má Idéia

Rebobine, por favor.

Transcendence - A Revolução
(Transcendence; EUA, 2014)
Dir.: Wally Pfister
Com Johnny Depp, Rebecca Hall, Paul Bettany, Morgan Freeman
1h59min - 12 Anos - Ficção


Eu, como fã de desenhos animados, gostava de um "quadro" dentre os vários que o desenho dos Animaniacs possuia, que se chamava Boa Idéia/ Má Idéia. Era basicamente uma mesma idéia, executada de duas formas distintas: A Boa e a Má.

Há um longo caminho entre uma idéia e a execução dessa idéia em um filme.

Pois uma idéia ruim, quando bem executada, pode até virar um sucesso. Tem um caminhão de filmes aí que podem comprovar essa teoria. Mas uma boa idéia, quando mal executada derruba toda a experiência na telona.

E olha que a idéia inicial de "Transcendence - A Revolução" é boa e porque não, possível?

Dr. Will Caster (Johnny Depp) estuda a criação de um sistema de inteligência artificial revolucionário, que levanta as atenções de um grupo extremista. Sofre um atentado ao sair de um seminário e antes de morrer, ele e sua esposa tem a ideia de transferir sua consciencia para um computador, de forma que possa levar seu trabalho adiante. Mas uma vez lá dentro, será mesmo Will ou será uma máquina agindo como Will. Quais os limites desta perigosa empreitada?

Eles empataram... Vai ter prorrogação...
Apesar das belíssimas cenas e da direção aparentemente tranquila do estreante Wally Pfister (que foi o diretor de fotografia da trilogia do Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan), o filme realmente empaca no desenvolvimento do roteiro, ambicioso demais para um filme que parece padecer de uma certa falta de inspiração. Começa de forma muito interessante e se mantém assim até a metade do caminho, o que ajuda muito a estabelecer o filme e como as idéias dos personagens acabam se chocando com os acontecimentos e suas consequentes adaptações necessárias para sua sobrevivência. Mas na segunda metade do filme, o texto sofre uma evolução exageirada demais pelo o que o filme era até então. 

As atuações não vão muito além do que os atores já entregaram em filmes passados, inclusive Depp, que se não demonstra aqui os repetitivos tiques de Ichabod Crane/Jack Sparrow (ufa!) e Morgan Freeman, como o Morgan Freeman que todos aprendemos a gostar de ver, não fazem muito esforço para garantir a diversão e deixam parte da carga emocional para Paul Bettany - sempre coadjuvante e sempre legal de ver - e Rebecca Hall, respectivamente o melhor amigo e a esposa de Will Caster. Não vão muito longe, mas são os dois personagens que dimensionam a grandeza da ameaça que o computador se tornou.

Mas o grande problema é que o filme não possui um componente imprescindível: não é divertido. E não digo divertido como em "engraçado" (o que definitivamente não caberia aqui). O filme não entretém. Não é divertido de se ver. 

Transcendence - A Revolução, definitivamente entra para a gaveta de filmes iniciados por uma boa idéia, executada de forma equivocada. O filme insiste em "não se desligar" (desculpem o trocadilho) resultando em uma experiência estendida para um conteúdo que, bem enxuto, poderia se transformar em boa discussão ao invés de filmão pipoca.



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