segunda-feira, 14 de julho de 2014

A arte de ser um vilão.

Vilões do cinema, protejam-se!

Malévola
(Maleficent; EUA 2014)
Dir.:
Com Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning
1h45 min - Aventura - 10 Anos


A falta de novas historias, agora ameaça também os grandes vilões do cinema. De uns tempos para cá, tem um pessoal querendo desconstruir os grandes antagonistas e entender (ou inventar) porque eles são o que são. A onda agora parece ser "conheça a verdadeira história" por trás da história que você sempre conheceu.

Sou de uma geração que cresceu com uma bem estabelecida concepção do bom e do mal sem precisar explicar muita coisa. O bom era do bem e o mau fazia mal à todos. Luke Skywalker não precisava de nenhuma história prévia para entendermos porque ele era bom. Nem argumento algum precisava esclarecer que Darth Vader era mau. Tudo era apresentação. Era visual. Era concepcional o suficiente. Bastava isso para conquistar o coração do espectador ou fazermos temer o seu antagonista. 

O vilão, em sua essência, é a criação do antagonismo. O autor de todo risco e de toda ameaça ao personagem principal. Ele deve ser tudo aquilo que o herói não é, ou, tudo aquilo que é incapaz de ser. 

Talvez a minha geração tenha ficado um pouco desatualizada. Talvez. O novo espectador agora sabe de onde surgiu Darth Vader. Sabe também que Hannibal Lecter é uma criança traumatizada.

"Malévola" faz exatamente isso. Pega um dos vilões mais clássicos das historias infantis e tenta nos mostrar "a verdadeira história por trás da Bela Adormecida". Ou, se preferir, porque a Rainha Má virou, de fato, má. 

Olha só quantos efeitos especiais eu sei fazer!

Aviso aos navegantes do mundo cinematográfico que vários ajustes foram feitos para conseguir encaixar a Rainha como uma pessoa boa (!?). Isso pode lhe incomodar, se você for uma daquelas pessoas que se perturbam ao ver uma história querida ser dobrada e transformada pelo bem de um novo roteiro. É proposital, ok?

É um risco grande. Gigante, se não tivesse a chancela Disney de contar historias. Mas há coisas boas a serem destacadas. 

Angelina Jolie é a escolha óbvia para o papel-título (o que fica evidente em uma cena específica no fim do filme). Esta extremamente confortável e a encarna muito bem, especialmente na famosa cena do batizado de Aurora. 

A avalanche de efeitos especiais agradam aos olhos, principalmente quando falamos de criaturas fantasiosas e do mundo de onde a personagem Malévola origina. 

"Malévola" pode não ser a bomba anunciada, mas está longe de ser um filme memorável. Tem coração, tem identidade e tem o carimbo Disney de felicidade em cada frame do filme. Mas não tem mais uma vilã que assombrou tantas crianças de outras gerações. 

É apenas uma pessoa comum, que comete erros e pode até se arrepender.

Nos assustamos à toa...



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