terça-feira, 27 de maio de 2014

O Fantasma dos Filmes Passados

Todo cuidado é pouco, para concluir essa trilogia.

O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro
(The Amazing Spider-Man 2; EUA, 2014)
Dir.: Marc Webb
Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Sally Field
2h22min - Aventura - 12 Anos


Se o Fantasma dos Natais Passados, do conto de Charles Dickens, passasse hoje pelos estúdios da Sony, ele provavelmente convidaria a todos para uma exibição de Homem-Aranha 3. Falaria, numa discussão pós-filme, sobre como o terceiro filme distanciou o público e matou o que poderia ser uma duradoura série, e depois, sobre os caminhos que trilha esse reboot.

Quando o reboot foi realizado, em 2011 (4 anos apéos Homem-Aranha 3), resultou num filme interessantíssimo, que, se não era melhor que toda a trilogia original (não foi, por conta do segundo filme), trouxe muita coisa boa para o Homem-Aranha. Mesmo que tenha fugido do conceito original de Peter Parker, adaptando-o para a nova geração de adolescentes descolados, conseguiu fazer com bela distinção, um filme menos plástico e caricaturável. A sequência era apenas uma questão de tempo.

E tempo é o que acaba faltando nesse segundo episódio da nova série. Focando na principal subtrama do filme (entre as inúmeras que o filme apresenta) vemos o surgimento de Electro. Um zé-ninguém, fã do aracnídeo, que trabalha na Oscorp - a corporação malígna - e que, após um acidente num dos laboratórios da empresa, passa a manipular energia elétrica e então, a ameaçar a cidade em busca de mais poder.

Homem-Aranha arruma um segundo trabalho.
Dentre muitos problemas que o filme tem, o maior deles, talvez seja também, a maior decepção de todo o filme. O principal vilão, interpretado por um ator de ótima carreira - Jamie Foxx - é reduzido a um personagem mal construído, afetado por uma infantilidade inacreditável. Seu Max Dylan/Electro mais parece uma criança mimada do que uma real ameaça. Culpa do roteiro que engessa o ator e acaba criando um inimigo muito chato de se ver.

O que valoriza, portanto, o outro vilão que é bem apresentado à serie. Harry Osburn/ Duende Verde é muito mais ameaçador e instável do que seu comparsa. Pena que acaba com pouco tempo de cena, relegado apenas aos minutos finais, onde possui uma participação vital para a virada no final do filme. Virada que seria surpreendente, se não tivesse sido tão recorrida em outros momentos, por outras séries.

Mas o filme realmente triunfa, quando fala sobre Peter Parker. O lado humano do super-herói é facilmente o que se tem de mais interessante aqui. Principalmente no que diz respeito ao seu relacionamento com a namorada, Gwen Stacy e com seu melhor amigo Harry.

O que acaba virando um outro problema, se pensarmos que o principal chamariz do filme, deveria ser o Homem-Aranha em ação e não o seu alter-ego com seus problemas pessoais.

Quando as luzes se acendem, a impressão que fica é que a Sony, na verdade, investiu em um filme duplo e nos apresentou apenas a primeira parte. Brinca muito com nomes e sons conhecidos do repertório dos fãs e incita a apresentação de novas figuras nesse novo universo. Como filme único, infelizmente, deixa a desejar. Mas como série, ainda pode mostrar fôlego para ser longa, contanto que não repita os erros do passado.



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